quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Viseu - Vasco Gonçalves falou do 25 de Abril

Em Viseu falou-se da revolução dos cravos no dia 12/05/04, auditório da ESE Viseu, promovido pela Associação de estudantes no âmbito das comemorações dos 30 anos da revolução dos cravos porque foi simbolizada com os cravos nos canos das G3 ou do 25 de Abril data comemorativa com feriado nacional.A plateia esteve recheada de muitos veteranos e alguns jovens.

Orador: General Vasco Gonçalves que foi primeiro-ministro do II ao V governos provisórios do período revolucionário “PREC”. Homem de convicções, ideologia de esquerda, mas de muita humildade.

Congratulou-se por em Viseu haver jovens que se interessam pelas questões do 25 de Abril. Este evento foi a mais profunda e popular das REVOLUÇÕES que acabou com o governo totalitário. Havia como que uma panela de pressão que podia explodir a qualquer momento, pedimos à população para ter calma, mas esta não se conteve e veio para a rua. No cerco do quartel do Carmo os civis estavam misturados com os militares e caso fosse necessário intervir seria necessário afastar os populares.

Surgiu a aliança, espontânea, do MFA que foi o motor da Revolução de Abril e graças a essa aliança alcançaram-se as liberdades que o povo desejava, tem direito e pôs fim à guerra colonial.

Havia divergências no seio das forças armadas e uniformidade é diferente de unidade sendo este objectivo que pretendíamos alcançar com o programa de 25 ou 26 de Abril quando foi comunicado o programa das forças armadas. As ideias de amadurecimento do 25 de Abril levam muito tempo, tendo em conta a educação ou colonialismo sem mascara dos povos colonizados que viviam em extremas condições de pobreza, relativamente habitação, saúde e outras condições sociais com respeito pela dignidade humana.

O contributo dos milicianos foi muito importante pelo seu empenho decisivo em relação à guerra colonial que dava origem à grande força estudantil.

Recebíamos educação fascista dentro das instituições militares.

Povo/MFA reivindicavam pelos justos direitos, como exprimir as suas opiniões, participando no desenvolvimento do país e assim se desenvolveu um programa revolucionário.

O poder económico deve estar subordinado ao poder político, ainda hoje está consignado na Constituição da República portuguesa, mas em vias de levar um rombo para se sujeitar a uma constituição Europeia.

A nacionalização da banca e outras iniciativas estavam dentro da linha dos direitos dos trabalhadores e o controlo do esvaziamento e sabotagem da riqueza nacional. Havia interesses antagónicos e a luta de classes foi-se agravando. Desmantelar os grandes grupos económicos era importante para que este dominasse o poder económico e, isto não foi fácil desde os transportes à siderurgia nacional.

No processo do 25 de Abril surgiu um modelo de transição, não importado de outro qualquer país como fomos acusados do modelo de Cuba ou da Rússia, o nosso modelo tinha de ser adaptado à nossa realidade, ao nosso País.

A propriedade privada era respeitada, excepto aquelas cujas áreas eram muito elevadas e aqui foram enganados, também os pequenos e médios agricultores, comerciantes e industriais. Outra calúnia foi a de que tínhamos acabado com a economia portuguesa que na altura foi certificada de boa saúde por peritos internacionais e isso foi escondido.

Todos os governos têm seguido políticas de direita que prejudicam os trabalhadores mais humildes e conduziram à situação em que vivemos hoje, direita sem mascara. Hoje o poder que domina o País, são herdeiros ou familiares dos que nos governaram antes do 25 de Abril. O novo código de trabalho põe travão à acção dos trabalhadores.

Para mudar é preciso consciência progressista, com trabalho constante contribuindo, assim para a consciencialização. Cultura não é ter muitos livros, mas deve ser através da relação entre os Homens e de apoio para garantir essa sustentação. A liberdade precisa de ser garantida pelo voto consciente e pela disponibilização das lutas sociais. Ser disponível é trabalhar para a união e a união faz a força. “Força, força camarada Vasco nós seremos a muralha de aço”, quem não se lembra?

As reformas deste governo têm contribuído contra o espírito da Revolução de Abril, pois esta sociedade não é homogénea com a tolerância e compreensão. A perda de direitos alcançados com o 25 de Abril, muitas pessoas pensa que é assim mesmo, mas não!

Os estados Unidos entendem, quando os seus interesses estão ameaçados, que podem intervir a seu belo prazer. Na revolução sempre é possível os povos lutarem pelos seus próprios direitos. A actual constituição dá abertura para as conquistas de Abril.

Qual a explicação de não se verem os jovens, quando é necessário, defender o 25 de Abril? Foi uma questão da plateia. A resposta deve-se às leis que o governo faz com despedimentos e contratos de curto prazo.

A liberdade é o conhecimento da necessidade.

Está a criar-se uma Europa dos monopólios com a globalização e não a Europa dos povos como defendia De Gouille.

Jacinto Figueiredo, 12/05/04

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