terça-feira, fevereiro 14, 2006

“HIPERACTIVIDADE” na Alves Martins

No passado dia 27 de Abril pp. teve lugar na Esc. Sec. Alves Martins em Viseu uma acção de formação sob o tema “Hiperactividade”. Foi organizada pelos Estagiários do grupo de Matemática e foi dinamizada pelos Drs. Bruno Loureiro e Elisa Cardoso.

IDEIAS CHAVE:

1 – A hiperactividade não é uma doença, mas sim um sintoma de sofrimento.

2 – Se há um sintoma subjacente, há várias estruturas subjacentes à hiperactividade desde as psicologias neuróticas às psicoses em que a angústia transborda.

3 – A dificuldade do hiperactivo está em conter-se.

A Hiperactividade consiste num conjunto de comportamentos que tornam a vida difícil à criança/jovem e aos que a rodeiam.

A hipoactividade é mais preocupante se atendermos à falta de iniciativa ou patologia. Pais hipoactivos ou hiper-rígidos dificultam o processo, o pai/mãe não é um general, mas também não é o “compincha”, é comandante sensato de uma tropa com regras. O hiperactivo trabalha melhor em grupos pequenos. Assim, o DL 319/91 de 23/08 contempla medidas que poderão reduzir os efeitos negativos e contribuir para o sucesso escolar, ex.: redução de alunos por turma, máx. 20 nem conter mais de dois alunos com NEE; aulas de apoio individualizado; condições especiais de avaliação, frequência (…).

Impulsivo? Tem necessidade absoluta de tocar, agarrar, deixar cair, atirar e mover objectos. Vai buscar todos os brinquedos que tem e não chega a brincar com nenhum. Geralmente gosta de subir (móveis, árvores, etc.) e não tem medo, apesar da sua falta de coordenação.

Anti-social? Frequentemente inicia as interpretações sociais batendo ou empurrando os outros e não parece sentir-se bem com crianças da mesma idade. Não consegue brincar sozinho, mesmo por curtos períodos de tempo. Pratica, muitas vezes, actividades proibidas apesar de ser castigado, avisado. Não parece entender ou prestar atenção que existem limites para si. Apesar dos comportamentos “acting-out”, pode ser muito sensível, chorar facilmente e precisar que os pais lhe digam muitas vezes que gostam dela. Interpreta, frequentemente, os limites impostos como uma forma de rejeição. Sons do meio conseguem captar-lhe mais a atenção do que a linguagem. Geralmente “desliga” quando os professores ou os pais estão a falar. Não presta atenção à palavra “não” e frequentemente não obedece quando lhe pedem para fazer algo. As suas aptidões linguísticas são imaturas para a sua idade.

Sugestões para Pais, professores, outros adultos que convivam com estas pessoas: Os adultos recorrem, frequentemente a ameaças para controlar uma criança/jovem “fora-de-controle”. Em vez de ameaçar é melhor dar-lhe opções de escolha: “Podes comer à mesa ou brincar na sala”. Separe o comportamento que não gosta, da criança em si: “Gosto de ti. Não gosto de lama no chão”. Reconheça e recompense qualquer comportamento adequado, reforço positivo. Isto ajuda a criança a desenvolver a sua autoconfiança. Não sobre-proteja nem se assuste com ela, a sua condição especial é controlável. Explique-lhe o que pode fazer. Ignore comportamentos indesejáveis sempre que possível. Não utilize demasiadas palavras negativas como “pára” , “não faças”, “não”.

Aprenda a interpretar os sinais que indicam e antecedem o comportamento “explosivo”. Intervenha calmamente, tente distraí-la ou discuta o conflito com calma. As actividades ao ar livre são óptimas para “gastar energias”, como por ex. Educação tecnológica, ginástica ou natação. Dê-lhe uma oportunidade para que fale consigo das “suas coisas”, interesses e actividades. Desenvolva uma rotina especifica horária para as refeições, TV e hora de deitar. Apague a TV quando falar com ela. Ajude-a a fazer uma coisa de cada vez.

Siga esta rotina de uma forma flexível até que a criança desenvolva a noção de ordem e sequência. Tente escolher uma parte separada da casa/escola como sendo área especial. Evite cores garridas ou padrões complexos na decoração. Simplicidade, cores sóbrias e poucos objectos garantem a existência de poucos estímulos distractivos. A estimulação excessiva do meio é um problema para muitas destas pessoas. Permita-lhe brincar com poucos brinquedos de cada vez. Permita que brinque com 1 ou 2 amigos de cada vez. Institua 2 ou 3 regras e certifique-se de que compreenderam. Demonstre como se executam tarefas novas, falando e fazendo simultaneamente. Utilize explicações curtas, claras e calmas. Ao falar-lhe utilize uma linguagem simples e frases curtas. Não a “bombardeie” com palavras. Repita, se necessário. Estipule um tempo para desenvolver actividades apenas com o seu filho ou aluno. Isto fá-lo sentir importante e desenvolve-lhe a auto-estima. Tente divertir-se com essa ocupação.

Compreensão e disciplina: Antes de mais, é preciso que os pais estejam atentos e avaliem a situação que originou a birra. Comportamentos como chorar, gritar, pontapear e atirar-se ao chão são a forma que a criança/adolescente encontra para exteriorizar cansaço, stress, frustração, desconforto ou simplesmente para reclamar a presença dos pais. Cada birra deve ser tratada individualmente.

Ela pode significar “apenas” que a criança/jovem está triste e, nesse caso, precisa de conforto, à birra não deve corresponder uma punição. Importante é ainda que não se confundam birras com mau comportamento. É verdade que as birras deixam os pais em situações embaraçosas, consigo próprios e com terceiros, mas deve evitar-se colocar o rótulo de “mal comportada”. Para os mais pequenos às suas birras a disciplina deve ser vista como o complemento do amor. Não executar uma disciplina ditatorial, que ignore os gostos e desejos, mas uma disciplina equilibrada. A criança/jovem precisa de regras para se sentir segura. Estas ajudam a crescer e contribuem para a socialização. Uma infância sem limites traduz-se numa idade adulta desenquadrada, em dificuldades de integração numa sociedade que, quer se queira quer não, se alicerça em regras, em códigos, em leis (…).

Assim, na infância a criança/jovem deve aprender que existe uma relação hierarquizada com os pais e sociedade e que dessa relação decorrem limites aos seus desejos e aos seus comportamentos, isto é fundamental.

Aprendê-los significa aprender a capacidade de adiar a realização desses desejos, o que mais tarde se revela extremamente útil para o convívio na comunidade dos adultos. Que “não se pode ter tudo o que se deseja” é a lição que se começa – e bem – a aprender desde pequenino.

Fármacos: Rubifen de acção curta; Ritalina de acção média (de 6 a 8 horas) e Concerta de acção prolongada, mediante receita.

Efeitos: anorexia, perda de peso, insónias (…).

Jacinto Figueiredo, 01/05/2005.

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