sexta-feira, dezembro 30, 2005

PROFESSORES da Alves Martins em ITÁLIA

Partimos ansiosos na esperança de ver o Papa, mas apesar de estarmos a poucos metros dele não conseguimos e, regressamos convictos de que não morreria sem estarmos a seu lado.

Karol Jóseph Wojtyla de seu nome – nasceu em 1920/05/18 em Wadowice, na Polónia. Exerceu a função, no Vaticano desde 1978 até 2005.

João Paulo II, nome de adopção religiosa, morreu com 84 anos, depois de sucessivas recaídas, no dia 2 de Abril às 21h37 de Itália, 20h37 de Lisboa e depois de uma vida feliz por servir Deus e o seu povo, mas ensombrada pela doença de Parkinson.

No período de 28/3 a 3/4/05, organizada pela Escola Secundária Alves Martins-Viseu, um grupo de professores peregrinou por Itália. Neste périplo, em Bus conduzido pelo Italiano Geovani, fomos acompanhados por uma Espanhola simpática, a Yolanda, e um Romano de gema, o Paulo, guia local a falar, correctamente, Português que nos transmitiu a sua profunda/vasta sabedoria e, alimentou o “Ego” de crentes ou não, sisudo, sempre debitando um humor fino.

Itinerário: Partida de Viseu em autocarro de turismo até ao aeroporto Sá Carneiro no Porto onde embarcamos até Roma com escala em Madrid.

Instalação em Hotel e depois de jantar fez-se o primeiro contacto com a bela cidade museu devido à qualidade e quantidade de monumentos antiquíssimos; passeio nocturno apreciando a iluminação que escassa faz ressaltar o património histórico excepcional. Roma é Capital da Itália. Tem 2.773.900 habitantes. O fundador lendário de Roma é Rómulo. Antigo centro de um império e ainda hoje centro do Catolicismo. Para além das muitas riquezas do Vaticano, cidade que tem o seu próprio sistema de comunicações; possui: telefone; correio; rádio; assim como um exército de mais de cem Guardas Suíços. Tem moeda e banco próprios, mas tem de importar comida, água, electricidade e gás. Podem ser referidos o Coliseu e termas Romanas de Caracala iniciadas por Septimo Severo e inauguradas por seu filho Caracala em 216 d. C. As termas eram públicas e gratuitas, funcionando com o mecenato dos patrícios ricos, apesar de se encontrarem em ruínas, estas são as únicas no mundo que demonstram verdadeiramente como seriam umas termas romanas, que parecem seguir sempre o mesmo plano, com mais ou menos monumentalidade. A sua função era terapêutica mas também lúdica, pelo que podiam incluir áreas para lojas, livrarias, teatros, como imitam hoje as áreas comerciais. Na parte de trás do edifício situava-se o estádio, para a prática de exercícios físicos.

Segundo dia: teve lugar uma visita panorâmica à cidade eterna, porque contém desde os primórdios tudo o que, contemporaneamente, se crê como inédito; praça Venezia; colina do Capitólio; Foros Imperiais; Coliseu (exterior), ex-libris de Roma; Castelo de S. Ângelo; Fontana de Trevi que anima com o barulho das águas a praceta que a acolhe, verdadeira cenografia do séc. XVIII, à qual se chega de surpresa por ruas inesperadas e estreitas de Roma; a “Piazza da Rotonda” onde se situa o Pathéon e ainda a “Piazza Navona”, uma das mais vastas de Roma que ocupa a área do antigo Circo de Domiziano; Arco de Constantino, construído em 315 para comemorar a vitória sobre Maxêncio, está ornamentado com relevos e estátuas de monumentos anteriores; o famoso Rio Tibre; Museu do Vaticano; Capela Sistina com toda a sua beleza interior, os frescos da escola de Miguel Ângelo e Basílica de São Pedro com toda a sua imponência. De tarde visita à Igreja de Santa Maria Maior, um pouco de tempo livre e à noite em restaurante característico um especial jantar com tenores, foi fantástico.

No terceiro e quarto dia: partida para Assis onde visitamos e admiramos a Basílica e, o túmulo de São Francisco, protector dos animais, que herdou o nome do Templo e da localidade que lhe deu o nome.

Continuação da viagem para Florença, onde com ajuda de guia a falar Português, pudemos admirar autenticas obras-primas como o Dumo; o Baptistério, estes sempre exteriores à casa de Deus, pois nela apenas podiam entrar os fiéis depois de Baptizados; a porta do Paraíso; ponte Vecchio e o mercado da Paja; Praça de Signoria; academia com o “David” de Miguel Ângelo e outras jóias da arte da cidade que nos deslumbraram pela sua antiguidade, arquitectura, beleza, estado de conservação (…), assim como tudo que vimos em Itália.

Quinto dia: partida para Pisa a cidade de Galileu, Galilei onde conhecemos a praça dos milagres, famosa mundialmente pelos monumentos que contém; o baptistério e a Torre inclinada com mais de 30 metros, mas que o construtor se apercebeu da cedência do terreno aos 12 metros, devido ao estado arenoso e frágil do local onde foi erigida, segundo a guia os Chineses apresentaram uma ideia de rectificação de verticalidade “introduzindo feijões por baixo do lastro do lado da inclinação”.

Continuação da viagem para a cidade universitária de Pádua; Basílica de Santo António de Portugal com as suas cúpulas bizantinas, que alberga o túmulo e algumas relíquias do santo Padroeiro; durante a viagem apreciamos os montes Apeninos, espinha dorsal de paisagem agreste que percorre toda a península Itálica.

Sexto dia: em Veneza, onde as ruas são de asfalto líquido, passeio panorâmico de barco privado; ponte de Paja; Igreja de Santa Maria da Saúde; Ilha de San Giorgio; a Aduana; baía de S. Marcos; ponte dos Suspiros; passeio pela Praça de São Marcos; visita de uma fábrica de Cristal Murano onde ao vivo o artesão construiu belas peças; passeio de Gôndola, barcas compridas e negras porque aconteceu uma tragédia que originou morte e que os gondoleiros conduzem com muita perícia, pois o período de aprendizagem são dez anos; cruzeiro pelas ilhas da Laguna.

Sétimo dia: a viagem era longa e o tempo começava a ficar curto, levantamos muito cedo e partimos com direcção a Verona, norte de Itália, famosa pelo drama de “Romeu e Julieta”, onde visitamos a casa da nossa donzela edifícios onde estes habitaram; a Praça Bra. Continuamos para Milão, com breve visita panorâmica, os monumentos mais notáveis como Palazzo di Brera, cuja construção começou em 1651, e a catedral gótica, iniciada em 1386; Scala de Milão, Ópera, e Galeria das marcas da moda. Continuação da viagem para o aeroporto de Milão onde em avião seguimos para Lisboa com escala em Madrid e em autocarro de turismo até Viseu.

Foi uma viagem rica de alegria, convívio, amizade, conhecimentos sociais, patrimoniais e políticos, entendendo estes como capacidade de decisão do “Homem” sobre as coisas.

Jacinto Figueiredo, / /2005.


ME-Quer colocações para 3 ou 4 anos!

MINISTRA DA EDUCAÇÃO: quer Colocações para 3 e 4 anos!
O Ministério da Educação apresentou proposta para as colocações dos QE (quadros de escola) e dos QZP (quadros de zona pedagógica) passando a ter validade para o ciclo de ensino: quatro anos ... mais.../Comentar?

Um bom Politécnico não se transforma numa Universidade…

A Assembleia da República aprovou a proposta de Lei de Bases do Sistema Educativo apresentada pelo Governo. O articulado prevê uma nova organização dos graus académicos, no âmbito do processo de Bolonha. Foi aprovado com os votos favoráveis do PS e do PSD e a abstenção dos restantes partidos com assento parlamentar.

O objectivo é harmonizar o sistema de ensino português com os congéneres europeus, a proposta do Governo prevê a adopção de um modelo assente em três ciclos de estudo: licenciatura; mestrado e doutoramento, deixando de existir o grau de bacharel.

Os institutos politécnicos ganham o direito de conferir o grau de mestre, os doutoramentos continuam a estar reservados somente às universidades. Este é um argumento forte para a recriação, já foi criada pelo PS, da Universidade Pública de Viseu.

A alteração da Lei implicará mudanças na actual lei de financiamento do Estado que irá abranger as licenciaturas e os mestrados. Mariano Gago esclareceu ainda que vai "limitar a actual liberdade das instituições de fixar propinas nos casos de mestrados integrados", fixando um limite para o valor das propinas, idêntico para os dois ciclos de estudo. No caso dos mestrados não integrados, caberá às instituições definir o valor da contribuição das famílias, sendo que o Estado financia 80% desse montante. Quanto à acção social escolar, será mantida nas licenciaturas e estendida aos estudantes de mestrado. A inovação introduzida pela proposta de Lei de Bases que dá aos politécnicos a possibilidade de conferirem o grau de mestre. Sobre o grau de doutor, o ministro afirmou que "tal não acontece em nenhum país da Europa". "Um bom politécnico não se transforma numa universidade, transforma-se num politécnico de melhor qualidade", sustentou o ministro.

Assumiu ainda o compromisso de “não ceder às pressões das várias ordens profissionais, no sentido de fazer depender a entrada no mercado de trabalho da existência, por parte do candidato, de um mestrado, como requer, por exemplo, a Ordem dos Engenheiros”.

A questão foi dirigida pelos deputados do BE e do CDS/PP, que queriam saber se os mestrados integrados vão obedecer às pressões das ordens profissionais. Por força de uma directiva comunitária, os cursos de Medicina e Arquitectura têm um mestrado integrado no seu plano curricular. "O Governo não permitirá a deriva corporativa em que corpos profissionais reservem a entrada no mercado de trabalho", afirmou Mariano Gago, na sua resposta.

Portugal fica mais perto da aplicação da Declaração de Bolonha, um compromisso assumido em 1999 pelos Estados-membros da UE com vista à criação, até 2010, de um "espaço europeu do Ensino Superior". A Declaração de Bolonha tem como objectivo facilitar a mobilidade e a empregabilidade dos estudantes na Europa, tornando equivalentes os graus académicos atribuídos em todos os estados-membros.

Alberto Amaral em entrevista a um Jornal Nacional diário disse acreditar que todo o processo de Bolonha está, à partida, viciado e revelou existência de "agenda oculta" na criação do espaço europeu de Ensino Superior. Diminuir custos da mão-de-obra e encargos do Estado são as metas reais, ou seja, Bolonha obrigará Portugal a desinvestir no Superior.

O processo vai implementar uma espécie de "quotas educativas", em que Portugal perderá face aos países europeus tecnologicamente mais avançados. O alerta foi lançado no Porto pelo director do Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES).

Para Alberto Amaral, "o que está por trás de Bolonha são os problemas dos salários europeus muito elevados, agravados pelo que resta do sistema do Estado Providência, os quais prejudicam a posição da Europa no novo sistema de competição económica global".

Traduzindo em miúdos, o ex-reitor explicou que Bolonha vai permitir, por um lado, diminuir os custos de mão-de-obra, e por outro, fazer baixar os encargos públicos com o Ensino Superior, "de forma bem mais eficaz do que um simples aumento das propinas".

O primeiro ciclo de estudos, com relevância para o mercado de trabalho, será financiado pelo Estado. Contudo, serão os estudantes a pagar o ensino pós-graduado (2.º ciclo) como forma de ele próprio zelar pela sua empregabilidade.

O director do CIPES revelou que o sistema de créditos, como se prevê, não será uma moeda fiável para o reconhecimento de estudos e apenas irá criar "uma burocracia intolerável e asfixiante".

No final, o ex-reitor concluiu "E, meus caros colegas, depois não se queixem por andarem a dormir ou por não terem sido avisados".

Jacinto Figueiredo, 15/05/2005

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Escola Alves Martins – "INCLUSIVA"


A Escola Secundária Alves Martins cujos primórdios remontam à instalação do "Liceu Central de Viseu" no antigo Convento dos Néris em Santa Cristina, do ano de 1849, percorrendo depois um longo itinerário até aos nossos dias.

Em 1868 foi transferido do Seminário Diocesano para o denominado “Paço dos Três Escalões”, graças à generosidade do grande prelado D. António Alves Martins. Foi esta prestigiosa figura do liberalismo português quem, quando ministro do reino, elevou o Liceu de Viseu à categoria de 1ª classe.

A secularização do Estado e a Lei de Separação permitiram ao Governo apossar-se do “Colégio do Sacré Coeur”. Devoluto o edifício, para ali foi transferido o Liceu onde permaneceu de 1922 a 1948, sendo inaugurado na última data referida, "o modelar e magnífico edifício onde funciona o Liceu Nacional de Viseu".

O seu prestígio leva a que muitos Pais e EE encaminhem para esta instituição os seus educandos, pelo motivo, é a escola da cidade jardim-Viseu com o maior número de alunos (2.500) e cerca de 220 professores).

Inclui cerca de 50 alunos com Necessidades Educativas Especiais, variando, das dislexias à deficiência motora, para as quais a escola está preparada com recursos humanos e materiais (falta rampa de acesso ao R/C e maior diversidade de cursos tecnológicos inspirados no aprender fazendo).

Um dos alunos apresenta deficiência motora que lhe conferem uma incapacidade permanente global devido ao reduzido tónus muscular «estado natural de resistência e de elasticidade dos tecidos orgânicos».

Respeitando os princípios de integração e de inclusão, a procura permanente das “condições ideais” para a permanência e sucesso escolar do aluno que deve ser sempre a linha orientadora do nosso trabalho. Assim, a “INCLUSÃO” do aluno e a frequência da escola conseguiu-se através de algumas medidas previstas no DL 319/91 de 23/08, entre outras as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), proporcionando aulas por videoconferência desde o 2.º período. Enfatizamos o empenho: do Pai; professores; órgão de gestão; SPO; ECAEV; DREC; professores de apoios educativos e AAE, que sem compaixão desempenham a sua função com muita dignidade e profissionalismo pelo que deixamos a nota como forma de gratidão.

Em Portugal é obrigatória a frequência da escola durante 9 anos, os dados disponíveis relativos a esta frequência, reportam-se ao ano de 2000/20001 e são os seguintes:

. A escolarização de crianças até aos 10 anos é 100%;

. A percentagem de crianças/jovens até aos 15 anos que não completou a escolaridade básica obrigatória é de2,7% (17.874 alunos);

. A percentagem de crianças/Jovens de 15 anos que não completou o ensino secundário é de 12,7% (112.509 alunos), hoje fala-se em 45% de abandono no ensino secundário, a escola deve ajustar-se aos alunos.

Verifica-se que há um acesso generalizado ao primeiro nível da escolaridade mas que, a partir dos 10 anos, se inicia um processo de abandono que abrange o ensino básico e atinge os valores mais altos no ensino secundário e entre os alunos de 14 e 15 anos (70% do total de abandono).

Recebem apoio educativo, na fase de intervenção precoce (a nível domiciliário ou em creches), nos jardins-de-infância e nas escolas regulares dos diferentes níveis de ensino o seguinte número de crianças e jovens com NEE:

Intervenção precoce

(0-3/4 anos)

Jardim-de-infância

(4/5-6/8 anos)

1º Ciclo do E. Básico

2º e 3º ciclos do E. Básico

Ensino secundário

Total

1530 (2%)

6.408 (9%)

37413 (50%)

27846 (37%)

1843 (2%)

75040 (100%)

Fonte: Lisboa, Departamento do Ensino Básico. Observatório dos Apoios Educativos (2001).

Desde os meados dos anos 50 - já lá vai meio século – quando começou a ser contestada, nos Estados Unidos, a segregação de crianças/Jovens com deficiência em escolas especiais e até ao início dos anos 90, foi desenvolvido o conceito de “ensino integrado” relativo ao atendimento dos alunos com NEE, nas escolas regulares. Segundo este modelo que é ainda o que predomina em muitos países, nomeadamente em Portugal, a perspectiva educativa é centrada no aluno, definindo-se as dificuldades escolares que apresentam em termos “das suas características individuas, das suas deficiências, do seu ambiente social e das suas características psicológicas”, Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, 1996.

Os ingredientes básicos inerentes a esta perspectivação são:

  • O diagnóstico, atempado, dos problemas da criança/Jovem;
  • A intervenção especializada a cargo de técnicos e/ou professores de apoio;

Eis as metas que nos parecem mais importantes de alcançar – Em relação aos alunos com deficiência:

· Diminuição do número de alunos em escolas especiais;

· Aumento do atendimento em intervenção atempada (às famílias e ás crianças) e no jardim-de-infância;

· Desenvolvimento dos programas de transição entre ciclos e da escola para a vida activa;

· Especialização de professores para atendimento dos alunos com deficiências acentuadas e complexas para responderem à diversidade entre os alunos.

Em relação a uma escola mais inclusiva que atenda com maior eficácia todos os alunos, incluindo os que deparam com barreiras na sua aprendizagem:

  • Currículos e avaliações mais diversificadas e flexíveis;
  • Maior autonomia das escolas para responderem ás diferentes necessidades dos alunos;
  • Maior cooperação entre alunos e entre professores;
  • Maior cooperação entre a escola e as famílias dos alunos e entre a escola e a comunidade envolvente.

Jacinto Figueiredo, 29/01/2005

sexta-feira, dezembro 23, 2005

INTERNATO DR. VÍCTOR FONTES, VISEU


Viseu: Porque não fechou o IVF?

Educação especial (não) integrada

Em 1962 é fundada a Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças Mongolóides que em 1964 é admitida na Liga Internacional de Associações de Ajuda aos Diminuídos Mentais, adoptando a designação de Associação Portuguesa de Pais e Amigos das Crianças Diminuídas Mentais (APPACDM), que abriu o seu primeiro centro em 1965.

“No sentido de contrariar aquela organização centralizada são criados pelo Instituto de Assistência a Menores e pela Direcção Geral de Assistência os Centros de Educação Especial que se localizam nos Açores, em Bragança, em Lisboa, na Madeira, no Porto e em Viseu” (Costa in Margem, 1983, p.5).

Em 1967, foi criado o Centro de Reeducação de Viseu para os então chamados débeis intelectuais médios (sexo feminino). Posteriormente foi alargado a crianças do sexo masculino.

“Em 1971 foi criado o Centro de Educação Especial de Viseu, transferindo todo o serviço para o Internato Dr. Victor Fontes (...), (Costa in “Margem”, 1983, p.10). Inicialmente o Centro de Educação Especial de Viseu tinha agregado a si a casa Infante D. Henrique, os internatos de Lamego, Seia e caramulo, hoje, designado de Internato Dr. Victor Fontes, “destina-se à educação de crianças e jovens deficientes intelectuais do Distrito de Viseu (...). Será que está a cumprir os objectivos a que está obrigado estatutariamente?

Sob tutela do Centro Distrital de Solidariedade e Segurança Social de Viseu o IVF é gerido desde Outubro de 1995 pela APPACDM.

Há Instituições particulares que promovem educação de alunos com NEE resultantes de deficiências: a APPC (Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral) e a APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental). Gerido por esta, o Internato Dr. Victor Fontes, que actualmente está esvaziada de conteúdo, funcionando apenas como “Centro de Actividades Ocupacionais”? A todo custo, os seus directores, pretendem manter em funcionamento aquilo que não se justifica. Assim, procura alunos com mais ou menos dificuldades e em fim de escolaridade obrigatória das escolas básicas 2, 3 das redondezas para manter os seus lugares e sem quase nada em troca e beneficio dos alunos aos quais “pintam quadros com todas as cores imagináveis” quando o que os espera é talvez formação profissional nas instalações da APPACDM. O Int. Dr. Vítor Fontes deixou de ter Centro Sócio-educativo, sendo este implementado nas instalações da APPACDM em Repeses por acordo com o Ministério da Educação e a partir dessa operação julgamos que a tutela deve repensar a continuidade da instituição. Estas instituições devem ser de retaguarda e nunca na linha da frente.

A Casa Infante D. Henrique para alunos surdos, ou deficiência auditiva, fechou as suas portas e todos os alunos foram integrados no ensino regular, pensamos ter sido uma medida acertada e que devia ser seguida pelos responsáveis pela tutela do IVF.

"As Escolas devem ajustar-se a todas as crianças/Alunos, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito devem incluir-se crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças da rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais" (Declaração de Salamanca: UNESCO, 1994).

Como se escreveu numa recente publicação da OCDE. (1994:7), hoje "o conceito de integração é mais do que um modelo pedagógico. É um mecanismo de formação tão poderoso como as noções de democracia, de justiça social e de igualdade e é um elemento capital para a concretização permanente destas aspirações".

Jacinto Figueiredo, 8/6/04

ADOLESCÊNCIA



– Com o devido respeito e carinho.


A adolescência é uma extraordinária etapa na vida de todas as pessoas. É nela que a pessoa descobre a sua identidade e define a sua personalidade. Nesse processo, manifesta-se uma crise, na qual se reformulam os valores adquiridos na infância e se assimilam numa nova estrutura mais madura. É uma época de imaturidade em busca de maturidade. No adolescente, nada é estável nem definitivo, porque se encontra numa época de transição.
Daniel Sampaio defendeu a criação de gabinetes de apoio aos adolescentes e às suas famílias que funcionem em escolas (…). Esclarece que 85% dos problemas dos adolescentes estão ligados ao desenvolvimento e não necessitam de intervenção da saúde mental. Autor de várias obras ligadas à problemática da adolescência defende, contudo, que é nocivo que os progenitores se agarrem a modelos teóricos para lidar com os filhos. "Se alguém aplicar um modelo descrito num livro na interacção com os adolescentes, esse livro deve ser deitado para o lixo. A grande pecha do século XX foi a transmissão aos pais de modelos teóricos, que não os ajudam na interacção com os filhos e que os transformaram em "psicólogos e psiquiatras de bolso ". É mais útil analisar situações práticas do quotidiano, fazendo uso da intuição e da espontaneidade e trocando impressões com outros pais", conhecimento empírico ou psicologia “caseira”.
Os primeiros três anos de vida são fundamentais, sendo que esse apoio deve ser depois retomado na fase da adolescência. Afirma que, sendo o conceito de adolescência algo muito recente (remonta à segunda metade do século XIX), começou por ser entendido como um "período de crise e de enorme turbulência interior, com reflexos na família". Na primeira metade do século XX, psicanalistas como Freud começam a encarar a adolescência "como algo perturbador, inacessível aos adultos, que necessita de cuidados psicológicos e psiquiátricos."
A soma de todos estes factores contribuiu para que hoje em dia muitos vejam a adolescência como algo tenebroso. "Os pais chegam a perguntar quais são os sintomas da adolescência, como se esta fosse uma doença", ironiza o especialista. "O que existe são pequenas turbulências quotidianas e episódicas, relacionadas com a fase de desenvolvimento que estão a passar. O caminho básico que os pais devem seguir é o da compreensão, com o devido respeito e carinho.
A adolescência decorre em períodos nos quais uma criança se transforma em adulto. Não se trata apenas de uma mudança na altura e no peso, nas capacidades mentais e na força física, mas, também, de uma grande mudança na forma de ser, de uma evolução da personalidade.
A puberdade ou adolescência inicial (11 a 14 anos): Nasce a intimidade (o despertar do próprio "eu"). Crise de crescimento físico, psíquico e maturação sexual. Conhece pela primeira vez as suas limitações e fraquezas, e sente-se indefeso perante elas. Desequilíbrio nas emoções, que se reflecte na sensibilidade exagerada e na irritabilidade de carácter. "Não sintoniza" com o mundo dos adultos. Refugia-se no isolamento ou no grupo de companheiros de estudo, ou integra-se num grupo de amigos.
Ajudas positivas: Conhecer bem os seus pontos fortes, as suas fraquezas, amizades, etc. Revelar-lhe como é, o que lhe está a suceder e que sentidos têm as mudanças que está a sofrer. Ajudá-lo a esclarecer o que é a autêntica liberdade, distinguindo-a da libertinagem. Desenvolver a virtude da fortaleza, para que possa fazer por si mesmo esforços pessoais. Fomentar a flexibilidade nas relações sociais. Sugerir actividades que lhe permitam estar ocupado; reflexão das influências negativas do ambiente, especialmente nas que derivam da manipulação publicitária e nas que motivam condutas sexuais desordenadas.
A adolescência média (13 a 17 anos): Do despertar do "eu" passa-se à descoberta consciente do "eu", ou da própria intimidade. A introversão tem agora lugar, pois o adolescente médio precisa de viver dentro de si mesmo. Aparece a necessidade de amar. Costumam ter imensas amizades. Surge o "primeiro amor". A timidez é característica desta fase. Medo da opinião alheia, motivado pela desconfiança em si mesmo e nos outros. Conflito interior ou da personalidade. Comportamentos negativos, de inconformismo e agressividade para com os outros. Causados pela frustração de não poderem valer-se por si mesmos.
Ajudas positivas: Guiá-los para que adaptem as suas condutas às aspirações mais nobres e íntimas que descubram dentro de si. Que saibam desmascarar as manipulações publicitárias e as do meio ambiente, especialmente as do consumismo e tudo aquilo que não lhes permita meterem-se dentro de si mesmos e reflectir. Que aprendam a procurar o silêncio, para que, sem medo, possam conhecer-se a si mesmos - a pensar e a reflectir - e descobrir as suas mais profundas aspirações e fazer propósitos com decisão. Colaborar com eles para que descubram o valor e o respeito pela intimidade. Que se esforcem por pensar e reflectir com rigor. A paciência e o amor, unidos a uma suave firmeza, são os recursos para libertar o jovem da esfera das suas impertinências; enfrentar sem violência; favorecer o diálogo.
A adolescência superior (16 a 22 anos): Começa a compreender-se e a encontrar-se a si mesmo e sente melhor a integração no mundo onde vive. Apresenta um significativo progresso na superação da timidez. É mais sereno na sua conduta. Mostra-se menos vulnerável às dificuldades; Tem maior auto domínio; É a época de tomar decisões: futuro, estudos (...). Começa a projectar a sua vida; Estabelece relações mais pessoais e profundas.
Ajudas positivas: Que aprendam a escutar e a compreender os que pensam de forma diferente da deles ou do seu pequeno grupo, mas que não abdiquem das suas ideias ou princípios. Que reflictam constantemente sobre os pontos de vista que são contrários aos seus, sabendo interpretá-los adequadamente. "Querer é poder". Convencer de que não é possível conseguir mais se não nos propomos seriamente a isso.Jacinto Figueiredo, 10/03/05

domingo, dezembro 18, 2005

CRIANÇA «DEFICIENTE»

Quem és tu?
Um anjo, um pássaro, um ser do além?
Vejo os teus olhos no infinito,
vejo no silêncio do teu corpo
uma luz de um outro sol.
Nós, os «normais»,
o que sabemos nós de ti?
Nós temos a razão,
o pensamento, os preconceitos,
os conceitos, a «sabedoria».
E... entretanto, somos «robots»...
E tu, quem és tu?
Ah, criança,
meu ser do outro lado do mundo,
talvez tu tenhas uma sabedoria
à qual nós não podemos chegar.
Não por tua causa,
mas porque nós ainda não crescemos...
Talvez tu não nos possas cantar
toda a música da tua alma
porque o nosso ouvido e o nosso coração
ainda não estão preparados.
Olho-te e vejo-te através do meu ser imperfeito.
E quando posso ir mais ao fundo,
mesmo ao fundo...
Chego quase a compreender
que o teu ser é como uma flor
perdida neste mundo dos
«deficientes normais»...
Amo-te e abraço-te criança, minha crinaça do infinito...

Acredite-se ou não, lembrar o semelhante deve estar sempre presente e, fazer NATAL Todos os dias. De forma solidária divulgo o texto, de Júlio Roberto, “carregado” em simbologia.

Jacinto Figueiredo, 15-12-2005

quarta-feira, dezembro 14, 2005

segunda-feira, dezembro 12, 2005

ALUNOS, obrigados a estudare até aos 18 anos!


O Ministério da Educação está a desenvolver diligências para que os alunos, até aos 18 anos, permaneçam no sistema de ensino, esta medida será implementada até 2008.
A Ministra da Educação, na comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura sustentou que a medida não implica nova lei de bases da educação, mas apenas “intervenções pontuais” no articulado em vigor desde 1986. “Não podemos introduzir esta medida de imediato, porque o sistema não responderia”.Para a governante, a escolaridade obrigatória de 12 anos, período de ordenação sacerdotal, poderá ser adquirida no sistema de ensino ou em formação profissional. Para atingir este objectivo, a tutela definiu como prioritária a aposta no Ensino Secundário, nomeadamente na rede pública, dando novas alternativas de formação aos alunos, assim o esperamos. "É necessário criar alternativas de ensino para jovens que não têm sucesso no Ensino Secundário", nomeadamente através da diversificação da oferta de cursos técnicos e profissionais, adiantou a responsável. É desejo dos alunos, pais e Profs. que passe da intenção à prática.
Daí que a tutela vá iniciar, no próximo ano lectivo, um programa experimental em 50 estabelecimentos de ensino público que, “tendo os meios para essa formação, ofereçam vários cursos profissionais”.Recorde-se que, pela primeira vez, os cursos profissionais estão a funcionar este ano em escolas secundárias, mas a oferta reduz-se a três cursos: Mecânica, Química, Frio e Climatização. A ideia do Ministério é diversificar as áreas de formação destes cursos, tendo em conta o tecido económico e empresarial da região em que a escola está inserida.
Pretende-se o alargamento dos cursos de educação e formação de adultos e do sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências até ao nível Secundário. Isto porque, actualmente, estas formações só dão equivalência até ao 9.º ano e os cursos profissionais continuam a concentrar-se esmagadoramente em escolas privadas funcionando com técnicos aposentados, duplo emprego e factor “C”.
Deve ser valorizado o Ensino Básico, que temos neste momento imprimindo mais qualidade, de modo a que se torne eficaz e sólido, será mais justo para os nossos jovens/crianças do que estar a submetê-los a mais "reformas". Se eles se sentirem preparados e seguros, sentir-se-ão incentivados no fim do Ensino Básico e entenderão a necessidade de uma formação complementar que os prepare para a universidade ou para a vida profissional. O investimento nas escolas, formação de professores e investigação, conhecer as experiências dos outros e avaliar as nossas será importante.
Penso ser muito difícil “obrigar” alguns alunos frequentar a escola até completarem o 12.º ano e simultaneamente manter um nível de qualidade e exigência condigno, se é para baixar o nível de exigência/qualidade, não é bom para a educação, para os alunos, professores, pais e auxiliares. Ainda há muito por fazer no EB, é evidente que as oportunidades profissionais têm que ser alargadas logo a partir do 3.º CEB e a escola deve estabelecer formas de parceria com a realidade empresarial que se afigurem simultaneamente vantajosas para os discentes e as empresas. Devem ser estabelecidas oportunidades realistas e optimistas promovendo a integração no mercado de trabalho. Esta é uma questão pertinente: existem casos de risco pela própria situação social e de outra ordem de muitos dos nossos alunos. A opção para alguns é muitas vezes a (auto) exclusão e marginalidade. É necessário abrir horizontes incutindo responsabilidade e hábitos de trabalho de forma atempada e não apenas a partir dos 18 anos.
Permissividade significa deformar. Educação/ensino deve ser exigência, rigor e competência através de uma maior diversificação de cursos tecnológicos/profissionais, assim como recursos materiais e humanos de forma a motivar e incentivar para combater o elevado insucesso escolar. “Obrigar os alunos a permanecer na escola até aos 18 anos não resolve a questão, a ideia só por si parece-me abjecta.
Daniel Sampaio afirmou que “de nada vale a escola apregoar a cidadania se aquilo que se passar dentro da sala de aula for o oposto” e critica a falta de iniciativas inovadoras que incentivem à participação democrática dos alunos na vida escolar. No 8.º Congresso Mundial de Adolescência, que decorreu no Centro Cultural de Belém, em Lisboa o pedagogo sustentou que: “em geral temos professores empenhados e que conseguem motivar os alunos. Mas, por várias razões, essas iniciativas de esperança perdem-se”.”Não basta às escolas falar do tema da participação dos jovens, se esta não for potenciada no quotidiano da escola. A participação democrática dos alunos está ferida de morte por culpa do insucesso e do abandono escolar. Estes dois fenómenos são as principais causas da desmotivação dos jovens”. “A falta de organização pedagógica leva ao desinteresse dos alunos pelas questões da cidadania e da participação”.
Jacinto Figueiredo, 24/05/2005.

VISEU, MUSEU GRÃO VASCO

Não chega que o museu seja novo, mas que esteja a fazer algo novo!
M
al a Directora se sentou na cadeira logo o movimento cívico “AMARTE” lançou uma petição solicitando o seu afastamento do Museu Grão Vasco (MGV), Ana Paula Abrantes. No dia 4 de Agosto, circulava um abaixo-assinado dos funcionários, agentes, contratados e trabalhadores do MGV a manifestar “total apoio e a elogiar” o trabalho da Directora que alguns acusam de”constantemente injuriar, insultar e desrespeitar os seus subordinados”.

O Director do Instituto Português de Museus continua a depositar confiança na directora. Assim, os trabalhadores do MGV subscreveram um documento visando congratularem-se com a directora do museu pelo “excelente trabalho desenvolvido” afirmando até que “conquistou a equipa do museu, através da sua simpatia, educação e grande respeito que demonstra pelas pessoas. Promove o diálogo, escuta atentamente opiniões e ideias. Demonstra grande competência assim como vastos conhecimentos. Identificamo-la como líder”.

É bom saber que há pessoas e movimentos que, julgo, têm interesse pelo que se passa em Viseu. Criticar com bom senso, construtivamente, é benéfico e todos temos a ganhar. Gostaria de expressar a minha estima e agradecimento por terem abraçado a luta pela cultura de qualidade e enriquecimento cultural da cidade.

Sabemos que há sempre oponentes, resistentes à mudança com ou sem motivo aparente.

O MGV, jamais, pode ser gerido conforme os modelos tradicionais. Desenvolveram-se novas práticas museológicas que romperam com a rotina convencional. A museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que pretende incorporar todos os meios de desenvolvimento, alargar as suas atribuições e funções tradicionais de identificação, e funções tradicionais de identificação, de conservação e de educação, a práticas mais vastas que estes objectivos, para melhor inserir a sua acção sobre o meio humano e físico. A integração das populações na sua acção, faz apelo progressivo à interdisciplinaridade, a métodos contemporâneos de comunicação comuns ao conjunto da acção cultural e igualmente aos meios de gestão moderna que integram os seus utilizadores.

Nos museus deve haver serviços essenciais que estabeleçam a ligação entre instituição e a comunidade, entre eles o serviço educativo.

Na carreira dos trabalhadores das instituições museológicas, existe o lugar de monitor que, não exigindo habilitações de técnico superior, dificilmente encontra perfil adequado para exercer esta tarefa. O conservador, por seu lado, carecendo quase sempre de prática pedagógica, poucas vezes domina as nuances de abordagem do discurso museológico necessárias a cada grupo, a cada sector de população, a cada solicitação do meio.

Entrar num museu sem “vida” e fechado à comunidade, sentir o cheiro do bolor e do objecto antigo, leva-nos ao passado, é certo, mas a um passado distante, longe de nós, quase como se não nos pertencesse e do qual não fazemos parte.

A visita guiada, cheia de datas e nomes, reporta-nos à família tal e tal, ao Rei à Rainha, nunca ao povo anónimo, à comunidade, ao imaginário colectivo.

A relação que o visitante estabelece com as colecções do museu terá de ser de fruição, sob pena de elas não serem armazenadas no arquivo da memória.

Conseguir que um museu seja um lugar desejado é um trabalho árduo, mas indispensável nos dias de hoje.

Não chega que o museu seja novo, mas que esteja a fazer algo novo.

Jacinto Figueiredo, 17/08/2005




domingo, dezembro 11, 2005

RECORDAR O PROF. AMARAL

Luís Alberto da Rocha Amaral, nado e criado na Guarda, com pouco mais de cinquenta anos, licenciado em Educação Física pelo ISEF de Lisboa, aqui namorou a Dr.ª Delfina Amaral com quem casou e, exerceu os primeiros anos como professor de EF. Por vários motivos quiseram exercer a actividade docente em Viseu, ultimamente na Esc. Sec. Emídio Navarro. Foi docente 19 anos no ex CEE, Centro de Educação Especial em Jogueiros, adjunto de treinador do Académico, treinador do Repesense, Nelas, Vouzela entre outros. Adquiriu habitação em Repeses, Bairro de S.ta Eulália, onde permaneceu até ao pretérito dia 06/08/2005. “Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada” como escreveuFernando Pessoa.
Além da esposa deixou enlutado os corações de seus filhos, Dr. Miguel Amaral e Filipe Amaral estudante de Direito aos quais deixo sentidas condolências, assim como restante família e amigos.
Antes de partir para férias telefonei-lhe, estava a fazer quimioterapia no HDV, tratamento da doença impiedosa que nos mata antes de morrermos e num ápice o calou. Recordei-lhe uma frase de Jacqueline Auriel: “Não é de morrer que tenho medo. É de não vencer”.
Quando a voz de um amigo se cala, nosso coração continua a ouvir o seu, porque na amizade, todos os desejos, ideais e esperanças nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa. Quando nos separamos de um amigo, não nos devemos desesperar, embora o tenha sentido quando o Miguel, utilizando a lista do telemóvel do pai nessa noite escuro como breu às 23 horas me ligou e disse: “sou o filho do Luís Amaral é para comunicar que o meu pai faleceu hoje, Sábado, e o funeral é amanhã, Domingo”. A notícia foi um choque, fiquei muito triste, mas o que nós amamos pode tornar-se mais claro na sua ausência (...). A amizade é o amadurecimento contínuo.
Exerci junto dele a mesma actividade durante 20 anos, conheci alguns dos seus defeitos e virtudes: tinha sentido de humor, quando o lembrava que fumar fazia mal à saúde ele respondia: “já viste alguém morrer com saúde?” Ou quando abria o jornal na página necrologia exclamava: “estes deixaram de fumar!” Sempre pronto a ajudar; defensor acérrimo da família e seus valores; visão própria da vida e do mundo com sentido; muito humano quando entendia exercer essa humanidade, enfim uma série de atributos que o faziam feliz!
O homem é uma estrutura de corporalidade e espiritualidade. O espiritual tem uma expressão também corporal. Diversos aspectos da alma exprimem-se em diversos aspectos do corpo. Vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, falamos com a boca, exprimimos a nossa alegria ou tristeza com a cara, os gestos, a voz. Dançamos, gritamos ou saltamos, rimos e choramos. Como diz o ditado, "a cara é o espelho da alma" e a sua esteja em paz.
“A vida revela-se ao mundo como uma alegria. Há alegria no jogo eternamente variado dos seus matizes, na música das suas vozes, na dança dos seus movimentos. A morte não pode ser verdade enquanto não desaparecer a alegria do coração do ser humano”. (Tagore, escritor Indiano).
Queria fazer aqui um brinde! Um brinde a ele que partiu e deixou saudades. Um brinde para celebrar um dos maiores tesouros que podemos conquistar. Amigos existem de vários tipos como os que procuramos quando queremos desabafar, os que são compreensivos, os que são solidários, os que sabem dos nossos segredos, os que nos contam segredos, com quem ficamos horas a conversar. E quem tem um amigo tem tudo. Amizade, palavra que designa vários sentimentos, que não pode ser trocada por meras coisas materiais. Deve ser guardada e conservada no coração.
Há algum tempo li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada.
Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, agradáveis surpresas em muitos embarques e grandes tristezas em alguns desembarques.
Quando nascemos, entramos nesse magnífico trem e deparamo-nos com algumas pessoas, que julgamos, estarão sempre connosco nessa viagem. Muitas pessoas embarcarão apenas em passeio, outras encontrarão no seu trajecto somente tristezas e, ainda outras circularão por ele prontos a ajudar quem precise.
Vários dos viajantes quando desembarcam deixam saudades eternas, outros tantos quando desocupam o assento e ninguém sequer percebe.
É assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, porém, jamais, retornos.
O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual apeadeiro desceremos, muito menos os nossos companheiros de viagem, nem mesmo aquele que está sentado a nosso lado. Amigos, façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranquila, que tenha valido a pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem. Adeus Amaral, até um dia.
Jacinto Figueiredo, 11/08/2005.