sábado, fevereiro 04, 2006

Viseu, Olhares Cruzados de espaço aberto ao Comercio/Serviços e ou Indústria

Foi no dia 14/04/04 a derradeira conferência subordinada ao tema “Viseu deveria ser uma Cidade de Comércio e Serviços ou um Espaço Aberto à Indústria?”Consideramos de extrema importância o debate e os cinco temas que em parceria com a CM Viseu e Jornal Público foram cruciais para a visibilidade tendo como objectivo o desenvolvimento sustentado em todas as vertentes da Cidade, Região e Portugal.

Moderador, Luís Paiva que teceu algumas considerações relativos à evolução de estruturas, tecido empresarial que deve ser forte nas áreas dos serviços e finanças, construção civil, etc. Viseu não foi capaz de captar grandes indústrias, portanto, reflectir se Viseu se tem baseado de forma mais
O conferencista, Dr. Augusto Mateus, professor Catedrático e ex-ministro da economia, pessoa com conhecimentos profundos sobre a matéria presenteou a plateia do bonito Teatro Viriato com um verdadeiro banho sobre o tema (economia, serviços, empresas e industria).

Como verdadeiro pedagogo e mestre, fez um autêntico trabalho de projecto, ou seja iniciou com os problemas do Planeta passando pela Europa, Portugal, comparando evoluções e, chegou a Viseu referindo-se às macro e micro empresas. Referiu-se à globalização que em termos económicos é considerado um fenómeno de interdependência de mercados e produtores ao nível mundial.

Aconselhou que qualquer actividade deve ser desenvolvida através do conhecimento e é este que permitecriar valor ao processo. O poder económico está em quem tem capacidade de conciliar a produção/conhecimento. As economias modernas são as que melhor respondem. Substituir o trabalho directo por indirecto e do menos por mais qualificado. Reduzir o tempo de chegada do produto ao mercado é fundamental. Na economia de hoje não é possível ser eficiente e eficaz, isoladamente, mas sim em colectivo.

Devemos apostar nas competências e não em certificação de cursos de qualquer nível de ensino. Não vivemos em tempos de recursos genéricos, pois nas sociedades modernas as necessidades são muito diferenciadas. Portugal cresceu extensivamente com os fundos estruturais da CE e criou um conjunto de infra-estruturas fundamentais para o desenvolvimento, Viseu deve agarrar estas oportunidades únicas.

Chegamos ao fim da linha com a crise que vivemos e Portugal não tem futuro se fizer nos próximos dez anos o que fez nos últimos dez, ou seja, não utilizar todos os fundos, investir no que não é produtivo, gera postos de trabalho e modernização.

A projecção económica de Portugal passa pela Espanha prosseguindo até aos países que pretendem fazer parte da CE. Viseu tem empresas de pequena dimensão em relação a outras cidades como Aveiro, Braga ou Coimbra. O crescimento empresarial faz sentido, assim como o Turismo, serviços às famílias como dinâmicas ao reforço de infra-estruturas e, captando o que se faz bem. Quem tem 65 anos tem ainda muito tempo para viver com qualidade, será uma boa aposta.

O nosso sucesso económico passa muito pela relação que conseguirmos com os nossos vizinhos espanhóis. Viseu não pode imitar cidades do litoral, pois são realidades diferentes. Mudou o modelo de desenvolvimento económico, vamos ter que ajustar a nossa capacidade de vida, conhecimento/competência onde a Exa. e Qualidade deve ser preocupação.

O Dr. António Nogueira Leite, professor catedrático, fez elogios à pedagogia e organização pela apresentação do Dr. Mateus com as quais concorda.

Enfatizando, apenas alguns dos pontos apresentados: a zona de Viseu deve ter áreas distintivas para crescimento. Europa/Portugal estão em tempo de ruptura. A Europa tem de mudar o seu modelo social para não comprometer o futuro. O nosso modelo de desenvolvimento esgotou-se é imperioso, isto não se faz por decreto, o caminho é o de mitigar algo que foi feito. Devemos apostar na formação distintiva em varias áreas específicas. António Guterres apostou, e bem, numa rede de cidades intermédias como Viseu com cerca de 100.000 hab., mas no quadro ibérico as cidades intermédias têm cerca de 250.000 habitantes.

Apostar no Turismo, recursos Termais, potencial agrícola (ex. o vinho da marca Dão), melhorar áreas de serviços às famílias através de melhores serviços com formação e qualidade de vida.

As acessibilidades podem ser um factor de esvaziamento se não houver competências o que ainda não se verificou, mas Viseu tem que ampliar essas competências para crescimento futuro alancando e melhorando o que conseguiu criar.

Debate:

O Sr. Aníbal afirmou que Viseu tem que ter comércio, serviços e industrias se eles não existirem tem que se procurar fora. Cada região tem as suas necessidades e devemos saber quais os recursos humanos que temos.

Sr. Alexandre, constatou que se cria riqueza através da procura e não da oferta e que não devemos ter medo de imitar aquilo que outros fazem, devemos ser inovadores.

Sr. João Figueiredo, temos alinhado pelo tom da pequena economia das empresas. As nossas empresas e de forma sustentada podem ser competitivos como micro ou médias empresas. Porque não criar um conjunto de infra-estruturas que ajudem as pequenas empresas para renovar o tecido empresarial? Há em Viseu cursos de nível IV, mas depois têm que ir para Lisboa onde ainda conseguem emprego, o que prova a desarmonia do País em termos de oportunidades, desenvolvimento, etc. em pleno séc. XXI?

Em jeito de resposta Augusto Mateus esclareceu que hoje o processo económico não é produzir primeiro e vender depois, o caminho do mercado é a produção e não o contrário. Viseu tem necessidade de algumas grandes empresas, apenas médias e micro é pouco ambicioso.

Sr. José Manuel Campos, afirmou que Viseu tem as suas hipóteses e pode apostar, pois a construção civil é uma das áreas. O PDM deve partir de cima ou de baixo?

Sr. Carlos Alberto, da Agroviseu questionou: onde começa e acaba a industria e o comercio, a certificação das empresas e serviços?

Dr. Mateus finalizou o debate enfatizando que no Canadá a maior parte dos desempregados são licenciados. Alertou que para atrair pessoas para Viseu têm de apostar na segurança, serviços, saúde, conforto de habitação e animação sócio-cultural, são condições fundamentais. Melhorar agora sem ser à custa do futuro isso é sustentabilidade.

Jacinto Figueiredo, Abril/04

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