Para qualquer Beirão que se preze é uma questão de honra e coerência. Somos tão Portugueses como os melhores. Não deve haver distinção nem discriminação, mas sim uma forma justa que minimize as desigualdades que os nossos governos criaram e teimam expandir se entretanto não forem tomadas medidas que limitem o crescimento desordenado do litoral. E em contrapartida favoreçam um desenvolvimento sustentado, ou seja, que esse desenvolvimento se processe de forma a não comprometer o futuro, que se deseja de forma harmoniosa e solidária.
Sabemos que todos os governos têm necessidade de impostos para aplicarem no desenvolvimento do País, mas essa aplicação deve ser de forma a ajudar os mais desfavorecidos, ou seja, maiores aplicações nas regiões menos desenvolvidas como é o caso do interior de Portugal visível à beira mar.
Acabamos de saber que o princípio do contribuinte-pagador passa a ser o de utilizador-pagador, muito bem. O ministro das Obras Públicas anunciou o fim das SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador) e as reacções negativas a esta decisão vão desde autarcas a empresários passando pelo cidadão comum e que julgamos com razão.
A região de Viseu é atravessada pelas futuras A 25 (IP5) e A24 (IP3), vias onde vai ser decidido o pagamento de portagens. O Governo diz, no entanto, que está previsto um regime temporário, durante três ou quatro anos ou menos se entretanto não controlarem a obsessão pelo défice, de isenção para residentes e empresas.
Pensamos que a medida é positiva, mas a justificar-se a sua aplicação apenas quando as terras do interior, abandonado, usufruírem das condições que Lisboa possui e que nos servirá como referência, ou seja, quando:
1. Rasgarem vias de comunicação com o mínimo de dignidade como alternativas à auto-estrada;
2. Forem construídas auto-estradas, mesmo a pagar;
3. Existir aeroporto que facilita a mobilidade;
4. Beneficiarmos do nível de desenvolvimento semelhante;
5. Usufruirmos de rendimento per-capita muito próximo dos habitantes de Lisboa e Vale do Tejo;
6. No interior existirem facilidades de transporte e a preços reduzidos como é o caso do metropolitano de Lisboa que com apenas um euro se pode percorrer toda a cidade;
7. Recolocarem as linhas de caminho de ferro que em vez de requalificarem, pura e simplesmente eliminaram sem que tivessem construído alternativas;
8. No interior houver Universidade Pública e outras instituições de formação com cursos, mesmo que existam nas privadas, e através desta possibilidade as pessoas se formarem sem ter de recorrer ao litoral, nomeadamente Lisboa;
9. Os licenciados ou sem curso superior conseguirem oferta de empregos sem ter que recorrer a Lisboa como acontece ainda hoje no sec. XXI, impensável;
10. Tivermos acesso fácil à cultura: teatros, cinemas, revistas, desportos, congressos, empresas, poderes, etc.
Resumindo: quando beneficiarmos de todas as infra-estruturas que Lisboa tem, assim dava gosto pagar. É uma questão de dignidade. Não acham?
Jacinto Figueiredo, 2/10/04
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