Esta nota, digna de registo, merece ser divulgada pela sua actualidade e atendendo às experiências alheias.
Educação sexual: especialista dos EUA considera "alarmante" modelo português.
Um especialista norte-americano classificou, em Novembro do ano transacto, de "alarmante" o modelo de educação sexual utilizado em Portugal, por, diz, estimular a iniciação sexual prematura dos jovens, durante um congresso sobre a matéria a decorrer em Lisboa.
Durante o congresso "50 anos de educação sexual - Balanço e perspectivas", o especialista William Coulson desaconselhou vivamente a aplicação de programas de educação sexual que ele mesmo criou em colaboração com Carl Rogers na década de 1960 e que são actualmente aplicados em muitos países ocidentais como Portugal.
"É muito alarmante que o Governo português se proponha fazer algo que se revelou tão destrutivo nos Estados Unidos da América", disse, à margem do congresso organizado pela Universidade Católica e pela Associação Família e Sociedade, que decorreu sexta-feira e hoje no Fórum Picoas.
A ideia era "estimular as crianças a ter novas experiências e falar sobre os seus sentimentos nas salas de aula", mas tal "acabou por revelar-se muito destrutivo", porque aumentava a curiosidade das crianças pela sexualidade, considerou.
Segundo o professor universitário especialista em questões ligadas à família e à educação sexual João Araújo, os participantes no Congresso criticaram o modelo de educação sexual interdisciplinar utilizado em Portugal, considerando ultrapassadas as teorias da ciência de educação e psicologia e defendendo que "não pode continuar a ser imposto às crianças por chocar os portugueses".
De acordo com Coulson, o que se verificou no Estados Unidos "foi que as crianças mais experientes começavam a influenciar as menos experientes, fazendo com que queiram ter relações sexuais mais cedo, o que não é bom por causa das doenças sexualmente transmissíveis".
"Se querem que as vossas crianças se mantenham virgens até à idade do casamento não as deixem ter aulas de educação sexual, porque têm exactamente o efeito contrário do que toda a gente quer", disse.
William Coulson defende o regresso a uma "educação mais académica" e que sejam dadas às crianças "instruções muito firmes sobre os métodos tradicionais", como o desencorajamento do divórcio e de relações sexuais antes do casamento.
"Todos os tipos de antigos ideais tradicionais revelaram-se tradicionais porque funcionam. E as novas formas, em cuja criação eu participei nos anos 60, não funcionaram", constatou.
Por sua vez, o professor João Araújo considerou "muito maus" os conteúdos dos materiais recomendados pelo Ministério da Educação para serem utilizados pelos professores como fontes para organizarem as suas aulas sobre esta temática".
"Os conteúdos não são apropriados. Há muitas actividades profundamente perversas e há material profundamente ofensivo", considera João Araújo, defendendo que o modelo de educação sexual não deve ser imposto, mas antes discutido com os pais.
"Existem mais de 300 modelos diferentes, avaliados, testados e não equivalentes. Não é apropriado falar de educação sexual como se apenas existisse um modelo, absolutamente necessário e o melhor. Os modelos devem ser propostos aos pais e os seus conteúdos devem ser claramente explicados, para que escolham aqueles com que concordam e rejeitem aqueles com que não concordam", defendeu.
Para João Araújo, o modelo actual "retira aos pais qualquer possibilidade de poupar os seus filhos aos conteúdos que estão a ser ministrados". Pedro Cunha/PÚBLICO
O especialista considerou "alarmante que o Governo português se proponha fazer algo que se revelou tão destrutivo nos EUA"
Jacinto Figueiredo, 28/07/2005.
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