quinta-feira, julho 19, 2012

Poema de agradecimento à corja

Obrigado, excelências.
Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade
de vivermos felizes e em paz.
Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar
de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem
dignidade.
Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.
Por não nos darem explicações.
Obrigado por se orgulharem de nos tirar
as coisas por que lutámos e às quais temos direito.
Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.
Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.
Obrigado pela vossa mediocridade.
E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.
Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.
Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.
Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias
um dia menos interessante que o anterior.
Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.
Obrigado por nos darem em troca quase nada.
Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.
Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade
e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.
E pelo vosso vergonhoso descaramento.
Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,
o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.
Obrigado por serem o que são.
Obrigado por serem como são.
Para que não sejamos também assim.
E para que possamos reconhecer facilmente
quem temos de rejeitar.

Joaquim Pessoa

Joaquim Pessoa nasceu no Barreiro em 1948.
Iniciou a sua carreira no Suplemento Literário Juvenil do Diário de Lisboa.
O primeiro livro de Joaquim Pessoa foi editado em 1975 e, até hoje, publicou mais de vinte obras incluindo duas antologias. Foram lhe atribuídos os prémios literários da Associação Portuguesa de Escritores e da Secretaria de Estado da Cultura (Prémio de Poesia de 1981), o Prémio de Literatura António Nobre e o Prémio Cidade de Almada.
Poeta, publicitário e pintor, é uma das vozes mais destacadas da poesia portuguesa do pós 25 de Abril, sendo considerado um "renovador" nesta área. O amor e a denúncia social são uma constante nas suas obras, e segundo David Mourão Ferreira, é um dos poetas progressistas de hoje mais naturalmente de capazes de comunicar com um vasto público.
Bibliografia: "O Pássaro no Espelho", "A Morte Absoluta", "Poemas de Perfil", "Amor Combate", "Canções de Ex cravo e Malviver", "Português Suave", "Os Olhos de Isa", "Os Dias da Serpente", "O Livro da Noite", "O Amor Infinito", "Fly", "Sonetos Perversos", "Os Herdeiros do Vento", "Caderno de Exorcismos", "Peixe Náufrago", "Mas.", "Por Outras Palavras", "À Mesa do Amor", "Vou me Embora de Mim".

segunda-feira, julho 02, 2012

SCUTs Isenções por mais 3 meses

Isenções nas antigas Scut prolongadas por mais três meses


As isenções parciais das portagens para os concelhos servidos pelas antigas
Scut, que deveriam terminar no sábado (30JUN2012), vão prolongar-se por mais
três meses, sendo depois aplicado um regime de descontos, (LÁ VÃO ENTRAR NO
BOLSO) anunciou hoje o Governo.



“O Governo decidiu prolongar, por um período adicional de três meses, a
aplicação do regime de discriminação positiva, tal como vigora actualmente,
às auto-estradas ex-Scut que deveria terminar a 30 de Junho de 2012”, refere
um comunicado hoje divulgado pelo Ministério da Economia e do Emprego.

A nota adianta que, “após este período, será aprovado e aplicado um regime
de descontos e/ou taxas nestas vias que obedeça a critérios de aplicação e
montante que estejam em conformidade com o disposto na legislação europeia e
que garanta e salvaguarde que, da aplicação do regime de cobrança de taxas
de portagens, não resulte a discriminação dos utilizadores destas
auto-estradas”.

A tutela recorda que “o regime de discriminação positiva actualmente
praticado nestas vias não é consentâneo com os princípios estabelecidos pela
Comissão Europeia - Directiva Eurovinheta”, que “impõe que as portagens
devem ser aplicadas sem discriminação directa ou indirecta, por razões
associadas à nacionalidade do utilizador, ou que, ainda que não estejam
expressamente relacionadas com a nacionalidade, conduzam de facto, através
da aplicação de outros critérios de distinção, ao mesmo resultado”.

No comunicado, o ministério diz que “é este o caso do critério da residência
na área de influência das auto-estradas ex-Scut que fundamenta,
precisamente, a atribuição das respectivas isenções e descontos”.

“Com vista à validação dos níveis de flexibilidade do Governo no que toca ao
regime de discriminação positiva, foi recolhida e analisada uma série de
informação disponibilizada pela Estradas de Portugal, bem como mantidos
vários contactos com elementos da Direcção-Geral da Mobilidade e dos
Transportes da Comissão Europeia, que estarão na base do regime de descontos
e/ou taxas a aplicar às auto-estradas ex-Scut a partir de Outubro de 2012”,
refere.

Em todo o país existem actualmente sete concessões que antes estavam
abrangidas pelo regime Sem Custos para o Utilizador (Scut).

As populações e empresas locais com residência ou sede na área de influência
destas auto-estradas, que passaram a ser portajadas, beneficiaram até agora
de um sistema misto de isenções e de descontos nas taxas.

Esse regime contempla a isenção do pagamento de taxas de portagem nas
primeiras 10 viagens mensais efetuadas na respectiva auto-estrada e no
desconto de 15 por cento no valor das taxas de portagem nas restantes
viagens.

Neste processo eram consideradas como “populações e empresas locais a
abranger pelo regime de discriminação positiva” aquelas com residência ou
sede na área de influência da Scut.

Nas áreas metropolitanas com maior densidade de oferta de infra-estruturas,
casos das Scut Norte Litoral, Grande Porto e Costa de Prata, a área de
influência corresponde aos concelhos em que uma qualquer parte do seu
território “fique a menos de 10 quilómetros da via”.

Fora das áreas metropolitanas - correspondente às Scut Interior Norte,
Beiras Litoral e Alta, Beira Interior e Algarve, portajadas apenas em
Dezembro de 2011 - integram este regime os concelhos inseridos numa
nomenclatura de unidade territorial (NUT) III em que uma qualquer parte do
território “fique a menos de 20 quilómetros da via”.

As isenções nas antigas Scut deveriam acabar no sábado nas regiões com um
índice de poder de compra acima de 80 por cento da média do PIB per capita
nacional, segundo avançou à Lusa, em Abril, fonte da Estradas de Portugal.

A informação tinha por base a resolução do Conselho de Ministros de 22 de
Setembro de 2010, que instituiu a aplicação de portagens nas Scut.

“A partir de 1 de Julho de 2012, a aplicação do regime de discriminação
positiva manter-se-á apenas nas ex-Scut que sirvam regiões mais
desfavorecidas, tendo em conta o índice de disparidade do Produto Interno
Bruto (PIB) per capita regional, nomeadamente nas regiões que registem menos
de 80 por cento da média do PIB per capita nacional”, explicou na altura a
fonte.

Em Dezembro de 2011, segundo dados oficiais, estavam em vigor 336.460
isenções para circulação na A28, A29, A41 e A42 (na região Norte), A22
(Algarve) e A23, A24 e A25 (Centro).

Os últimos valores de tráfego nestas vias, relativos ao primeiro trimestre
de 2012, apontam para quebras que ultrapassam os 45 por cento no Norte e os
56 por cento no Algarve-
recebida por email de V. Almeida