domingo, novembro 12, 2017

Panteão Nacional.pt DGPC autorizou jantar Web Summit...



Mas afinal quem é que autorizou o polémico jantar no Panteão? Anote esta sigla: DGPC
11.11.2017 às 20h43
Uma das imagens publicadas nas redes sociais
Governo atual culpa o anterior, o anterior responsabiliza o atual. Mas anote desde já as seguintes palavras: Direção Geral do Património Cultural. Ou a seguinte sigla: DGCP
Abílio Ferreira
Alexandra Carita
É o caso do momento: a polémica começou nas redes sociais, com uma foto do interior do Panteão Nacional, em Lisboa, que retratava um jantar à luz das velas no edifício que alberga os corpos de algumas das mais importantes personalidades da História portuguesa. A indignação passou das redes para o espaço político (e não só): Marcelo não gostou, Costa considera “indigna” a utilização do espaço para este acontecimento, o fundador da Web Summit pediu desculpa aos portugueses, o PCP quer saber quem autorizou, os ministros da Cultura e da Economia dizem que não sabiam do jantar e o ex-secretário de Estado do PSD que assinou o regulamento para o aluguer de monumentos para determinados eventos lamenta o que ouviu do primeiro-ministro - e sustenta que o atual Governo tinha a opção de não autorizar o evento.
Vamos então a esta última parte, a que envolve o antigo governante do PSD, no caso Jorge Barreto Xavier, e António Costa. Num comunicado em que se debruça sobre o tema, o primeiro-ministro escreve assim: “A utilização do Panteão Nacional para eventos festivos é absolutamente indigna do respeito devido à memória dos que aí honramos. Apesar de enquadrado legalmente, através de despacho proferido pelo anterior Governo, é ofensivo utilizar deste modo um monumento nacional com as características e particularidades do Panteão Nacional. Tal como já foi divulgado pelo Ministério da Cultura, o Governo procederá à alteração do referido despacho, para que situações semelhantes não voltem a repetir-se, violando a História, a memória coletiva e os símbolos nacionais”.
Jorge Barreto Xavier, ex-secretário de Estado da Cultura do Governo PSD/CDS, ouviu as palavras de Costa e não gostou: assume que assinou o regulamento que estipula estes alugueres, mas faz uma ressalva – é preciso que alguém autorize esse mesmo aluguer. Em declarações ao Expresso, refere que o regulamento "não autoriza nem deixa de autorizar a cedência de um determinado espaço" e que o despacho em causa refere até que as autorizações "devem salvaguardar a dignidade de cada espaço" e que devem ser rejeitadas se tal não acontecer.
Por isso, considera "lamentável a triste" a posição de António Costa. "A decisão é de 2017 e não de 2014. Já cansa que o atual Governo tente sempre fugir à responsabilidade, procurando encontrar culpados para as más decisões que toma". O primeiro-ministro "deu a cara pela Web Summit, deve também dar a cara pela decisão de ceder o Panteão para o jantar", acrescenta.
Se estranha ainda não termos referido por esta altura a sigla que está no título deste artigo, então deixe de estranhar: eis chegado o momento da DGCP. Num comunicado em que explica ter ficado surpreendido com a realização deste jantar, e no qual anuncia que vai proibir que tal se volte a repetir, o Ministério da Cultura especifica quem tem de autorizar este género de alugueres: “O ministro da Cultura tomou hoje conhecimento da realização de um jantar no Panteão Nacional, facto que estranhou. Questionados os serviços, foi o ministro informado que a decisão foi tomada ao abrigo do Despacho 8356/2014, de 24 de junho de 2014, adotado pelo anterior Governo, que aprovou o Regulamento de Utilização dos Espaços sob tutela da Direção Geral do Património Cultural".
Ora, o polémico jantar teve precisamente de ser aprovado pela mencionada Direção-Geral, que responde pela sigla DGCP e que está sob a responsabilidade do Ministério da Cultura. Trata-se de um organismo gerido por Paula Silva, a qual o Expresso já tentou contactar, mas que não está disponível para prestar esclarecimentos por “se encontrar num evento”. O contacto do Expresso foi feito no sentido de saber por que motivo é que o jantar foi aprovado pela DGCP, tendo em conta que podia não tê-lo sido, e à luz de que critérios.
Marcelo não gostou
Entretanto, multiplicam-se as reações. Uma das mais claras é a de Marcelo Rebelo de Sousa, que não gostou de saber da notícia: “Nem que seja o jantar mais importante de Estado”, refere, citado pela Lusa. “Soube agora mesmo do facto de ter havido, no quadro de uma utilização de um espaço que é monumento nacional, o seu uso para um jantar, que é diferente de um lançamento de um livro, é diferente de uma atividade cultural, é diferente de um concerto, de outra realidade dessa natureza. De facto, a imagem que eu tenho do Panteão Nacional não é de ser um local adequado para um jantar, nem que seja o jantar mais importante de Estado.”

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