Mal a Directora se sentou na cadeira logo o movimento cívico “AMARTE” lançou uma petição solicitando o seu afastamento do Museu Grão Vasco (MGV), Ana Paula Abrantes. No dia 4 de Agosto, circulava um abaixo-assinado dos funcionários, agentes, contratados e trabalhadores do MGV a manifestar “total apoio e a elogiar” o trabalho da Directora que alguns acusam de”constantemente injuriar, insultar e desrespeitar os seus subordinados”.
O Director do Instituto Português de Museus continua a depositar confiança na directora. Assim, os trabalhadores do MGV subscreveram um documento visando congratularem-se com a directora do museu pelo “excelente trabalho desenvolvido” afirmando até que “conquistou a equipa do museu, através da sua simpatia, educação e grande respeito que demonstra pelas pessoas. Promove o diálogo, escuta atentamente opiniões e ideias. Demonstra grande competência assim como vastos conhecimentos. Identificamo-la como líder”.
É bom saber que há pessoas e movimentos que, julgo, têm interesse pelo que se passa
Sabemos que há sempre oponentes, resistentes à mudança com ou sem motivo aparente.
O MGV, jamais, pode ser gerido conforme os modelos tradicionais. Desenvolveram-se novas práticas museológicas que romperam com a rotina convencional. A museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que pretende incorporar todos os meios de desenvolvimento, alargar as suas atribuições e funções tradicionais de identificação, e funções tradicionais de identificação, de conservação e de educação, a práticas mais vastas que estes objectivos, para melhor inserir a sua acção sobre o meio humano e físico. A integração das populações na sua acção, faz apelo progressivo à interdisciplinaridade, a métodos contemporâneos de comunicação comuns ao conjunto da acção cultural e igualmente aos meios de gestão moderna que integram os seus utilizadores.
Nos museus deve haver serviços essenciais que estabeleçam a ligação entre instituição e a comunidade, entre eles o serviço educativo.
Na carreira dos trabalhadores das instituições museológicas, existe o lugar de monitor que, não exigindo habilitações de técnico superior, dificilmente encontra perfil adequado para exercer esta tarefa. O conservador, por seu lado, carecendo quase sempre de prática pedagógica, poucas vezes domina as nuances de abordagem do discurso museológico necessárias a cada grupo, a cada sector de população, a cada solicitação do meio.
Entrar num museu sem “vida” e fechado à comunidade, sentir o cheiro do bolor e do objecto antigo, leva-nos ao passado, é certo, mas a um passado distante, longe de nós, quase como se não nos pertencesse e do qual não fazemos parte.
A visita guiada, cheia de datas e nomes, reporta-nos à família tal e tal, ao Rei à Rainha, nunca ao povo anónimo, à comunidade, ao imaginário colectivo.
A relação que o visitante estabelece com as colecções do museu terá de ser de fruição, sob pena de elas não serem armazenadas no arquivo da memória.
Conseguir que um museu seja um lugar desejado é um trabalho árduo, mas indispensável nos dias de hoje.
Não chega que o museu seja novo, mas que esteja a fazer algo novo.
Jacinto Figueiredo, 17/08/2005
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