Luís Alberto da Rocha Amaral, nado e criado na Guarda, com pouco mais de cinquenta anos, licenciado em Educação Física pelo ISEF de Lisboa, aqui namorou a Dr.ª Delfina Amaral com quem casou e, exerceu os primeiros anos como professor de EF. Por vários motivos quiseram exercer a actividade docente em Viseu, ultimamente na Esc. Sec. Emídio Navarro. Foi docente 19 anos no ex CEE, Centro de Educação Especial em Jogueiros, adjunto de treinador do Académico, treinador do Repesense, Nelas, Vouzela entre outros. Adquiriu habitação em Repeses, Bairro de S.ta Eulália, onde permaneceu até ao pretérito dia 06/08/2005. “Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada” como escreveuFernando Pessoa.
Além da esposa deixou enlutado os corações de seus filhos, Dr. Miguel Amaral e Filipe Amaral estudante de Direito aos quais deixo sentidas condolências, assim como restante família e amigos.
Antes de partir para férias telefonei-lhe, estava a fazer quimioterapia no HDV, tratamento da doença impiedosa que nos mata antes de morrermos e num ápice o calou. Recordei-lhe uma frase de Jacqueline Auriel: “Não é de morrer que tenho medo. É de não vencer”.
Quando a voz de um amigo se cala, nosso coração continua a ouvir o seu, porque na amizade, todos os desejos, ideais e esperanças nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa. Quando nos separamos de um amigo, não nos devemos desesperar, embora o tenha sentido quando o Miguel, utilizando a lista do telemóvel do pai nessa noite escuro como breu às 23 horas me ligou e disse: “sou o filho do Luís Amaral é para comunicar que o meu pai faleceu hoje, Sábado, e o funeral é amanhã, Domingo”. A notícia foi um choque, fiquei muito triste, mas o que nós amamos pode tornar-se mais claro na sua ausência (...). A amizade é o amadurecimento contínuo.
Exerci junto dele a mesma actividade durante 20 anos, conheci alguns dos seus defeitos e virtudes: tinha sentido de humor, quando o lembrava que fumar fazia mal à saúde ele respondia: “já viste alguém morrer com saúde?” Ou quando abria o jornal na página necrologia exclamava: “estes deixaram de fumar!” Sempre pronto a ajudar; defensor acérrimo da família e seus valores; visão própria da vida e do mundo com sentido; muito humano quando entendia exercer essa humanidade, enfim uma série de atributos que o faziam feliz!
O homem é uma estrutura de corporalidade e espiritualidade. O espiritual tem uma expressão também corporal. Diversos aspectos da alma exprimem-se em diversos aspectos do corpo. Vemos com os olhos, ouvimos com os ouvidos, falamos com a boca, exprimimos a nossa alegria ou tristeza com a cara, os gestos, a voz. Dançamos, gritamos ou saltamos, rimos e choramos. Como diz o ditado, "a cara é o espelho da alma" e a sua esteja em paz.
“A vida revela-se ao mundo como uma alegria. Há alegria no jogo eternamente variado dos seus matizes, na música das suas vozes, na dança dos seus movimentos. A morte não pode ser verdade enquanto não desaparecer a alegria do coração do ser humano”. (Tagore, escritor Indiano).
Queria fazer aqui um brinde! Um brinde a ele que partiu e deixou saudades. Um brinde para celebrar um dos maiores tesouros que podemos conquistar. Amigos existem de vários tipos como os que procuramos quando queremos desabafar, os que são compreensivos, os que são solidários, os que sabem dos nossos segredos, os que nos contam segredos, com quem ficamos horas a conversar. E quem tem um amigo tem tudo. Amizade, palavra que designa vários sentimentos, que não pode ser trocada por meras coisas materiais. Deve ser guardada e conservada no coração.
Há algum tempo li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada.
Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, agradáveis surpresas em muitos embarques e grandes tristezas em alguns desembarques.
Quando nascemos, entramos nesse magnífico trem e deparamo-nos com algumas pessoas, que julgamos, estarão sempre connosco nessa viagem. Muitas pessoas embarcarão apenas em passeio, outras encontrarão no seu trajecto somente tristezas e, ainda outras circularão por ele prontos a ajudar quem precise.
Vários dos viajantes quando desembarcam deixam saudades eternas, outros tantos quando desocupam o assento e ninguém sequer percebe.
É assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas, porém, jamais, retornos.
O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual apeadeiro desceremos, muito menos os nossos companheiros de viagem, nem mesmo aquele que está sentado a nosso lado. Amigos, façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranquila, que tenha valido a pena e que quando chegar a hora de desembarcarmos o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem. Adeus Amaral, até um dia.
Jacinto Figueiredo, 11/08/2005.
domingo, dezembro 11, 2005
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