segunda-feira, fevereiro 26, 2018
Joana Marques Vidal admite existência de uma rede de corrupção instalada no Estado
Joana Marques Vidal admite
existência de uma rede de corrupção instalada no Estado
25/2/2015
Joana
Marques Vidal, procuradora-geral da República, admitiu esta terça-feira, em
entrevista à RR e ao Público, que existe uma rede que "utiliza o aparelho
do Estado para realizar atos ilícitos".
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A
procuradora-geral da República falou sobre os casos "Marquês" e
"Submarinos" e criticou as fugas de informação na Justiça
Autor
A
procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, admitiu esta
terça-feira em entrevista à Renascença e ao Público, que existe “uma rede que
utiliza o aparelho do Estado e outro tipo de aparelhos da Administração Pública
para realizar atos ilícitos”, muitos na área da “corrupção”.
Desafiada a
comentar sobre uma eventual crise de regime, depois de vários casos de
corrupção terem sido tornados públicos envolvendo, alegadamente, altos quadros
da classe político-económica do país, Joana Marques Vidal começou por dizer que
não lhe competia “fazer análises de regime”, mas admitiu que existe uma rede de
corrupção instalada no Estado. Mais: a PGR apontou as áreas da “Saúde e da
contratação pública” como os terrenos mais férteis onde germinam este tipo de
casos.
O “Caso
Marquês” dominou também grande parte da entrevista. Joana Marques Vidal
aproveitou para afastar a hipótese de o Ministério Público (MP) se sentir de
alguma maneira condicionado pelas eleições legislativas que se avizinham. “O MP
tem de atuar de acordo com aquilo que a lei prevê. Não há os chamados timings políticos
nem os timings para as investigações”. Na prática,
explicou a PGR, “se a acusação tiver de coincidir com as eleições” assim
acontecerá.
As questões
relacionadas com a violação do segredo justiça, não só no caso que envolve o
ex-primeiro-ministro, mas também noutros, foram alvo de críticas por parte de
Joana Marques Vidal. A PGR garantiu o MP está a tomar medidas para “limitar” e
travar as sucessivas fugas, mas admitiu que houve “alguns deslizes” de
magistrados e de outros responsáveis que conduziam investigações importantes.
Joana
Marques Vidal pronunciou-se ainda sobre o defecho do “Caso dos Submarinos”
e deixou críticas à forma como a Justiça se comportou. “O caso dos submarinos é
daqueles que dará uma imagem não muito simpática do MP, mas que envoleu também
polícia criminal, órgãos de perícia criminal e outras estruturas (…) O MP
terá que reconhecer que podia ter tido um desempenho mais adequado“,
confessou a PGR.
Agora, o
importante é aprender com os erros e tentar não repetir as falhadas
cometidas no caso, sublinhou Joana Marques Vidal. “É um caso que devemos
analisar com calma. Ver onde houve passos menos correctos e [fazer dele] um
case study que nos permita melhorar a nossa capacidade de investigação
criminal”.
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