domingo, janeiro 11, 2009

Uma vez monstro, sempre monstro

  • Uma vez monstro, sempre monstro
  • o chumbo no parlamento
  • Como era expectável, o parlamento chumbou a suspensão da avaliação de desempenho docente. Era expectável, mas não devia ser: se o argumento residia no fim do conflito na educação, e no trazer paz e tranquilidade às escolas, então temos que concluir que o parlamento, mais uma vez, não esteve à altura das suas responsabilidades. Esta é a conclusão óbvia: o parlamento não agiu em nome do interesse nacional, da escola pública e da consciência cívica, mas de acordo com a lógica de aparelho e do jogo político. Nada justifica a abstenção nesta questão. A abstenção foi um voto covarde – nem contra a consciência, nem a favor dela. A verdade dos factos é que o conflito se mantém e poderá mesmo agudizar. Na arrogância destas pequenas vitórias, o secretário de estado pedreira, tem-se desdobrado, de ameaça em ameaça, em acenar as virtudes de quem pode: se o director se recusar a avaliar, posso ameaçá-lo com o siadap; quem não entregar os objectivos, posso ameaçá-lo com a não progressão na carreira; se os Sindicatos não desmarcarem a greve posso ameaçá-los com a retirada das concessões/benesses previamente concedidas pelo ministério; se o avaliador se recusar a avaliar ou se o avaliado não entregar a sua auto-avaliação, posso ameaçá-lo com o estatuto disciplinar da Função Pública...uufff! Este secretário de estado é definitivamente um case study, quer dizer, se após todas estas ameaças, avançadas contra uma classe com formação superior, o "poder" obtiver os seus intentos, pela estratégia da intimidação, então pedreira transforma-se no modelo de decisor político, cujo estilo, aí está, para os boys do futuro poderem imitar. A luta dos professores já há muito que extravasou a questão socioprofissional para se transformar numa luta pela cidadania. Eu diria que é necessário conhecer muito mal a natureza humana para pensar que se consegue dobrar as pessoas com base na ameaça e no medo de fantasmas: quanto mais me ameaças, mais terás que levar comigo. …


  • Uma última nota. Toda a oposição votou a favor da suspensão o que, de acordo com a lógica do senso comum ou da ética, me faz pensar que, na eventual perda da maioria absoluta por parte do PS, na aproxima legislatura, esta teimosia do governo com a avaliação dos professores terá forçosamente que definhar por morte natural. Se o meu raciocínio estiver certo, este modelo de avaliação e o respectivo ECD que lhe dá cobertura tem os dia contados, só precisamos continuar a resistir, nomeadamente nas próximas eleições. Mas, claro que há outras lógicas no meio disto tudo.


  • José Rui Rebelo, Escola Secundária de Barcelos
  • "Toda a companhia é má, excepto a dos nossos iguais." Nietzsche
  • Recebida por mail de V. Monteiro

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