Excelente análise sobre o nosso
Presidente.
Este texto foi escrito por Henrique Raposo em 6 de Junho de 2017, no
Expresso.
Marcelo Rebelo de Sousa foi, é e será sempre cobarde. E o maior sintoma
dessa cobardia é aquela vontade quase infantil de ser amado por todos, de
receber palmadinhas de toda a gente, de ter colinho em todas as barraquinhas.
No fundo, Marcelo só pode ser o Marcelinho, o menino que faz beicinho para ter
miminho, nem que seja numa patética flash interview de um jogo de futebol.
Este indivíduo está na vida pública há mais de quarenta anos mas parece o
recruta zero, vive paralisado pelo medo de ser criticado, pelo medo de ser
odiado por este ou aquele, por esta ou aquela sensibilidade política, cultural,
religiosa ou futebolística. É por isso que se transformou no Nicholas Sparks da
política. É por isso que Belém é neste momento a capital mundial da lamechice.
Não, não comece a rir-se, caro leitor. Esta literatura dos afectos começa a
ser uma ameaça à dignidade do regime. É uma ameaça porque Marcelo não percebe
que o Poder tem um protocolo diferente dos média.
Quem chega ao poder tem de perceber que não se pode comportar como um
comentador que comenta tudo, mas mesmo tudo, desde a bola ao poste até ao
assunto de Estado. Se Cavaco exagerava no secretismo e da distância
imperial do poder, Marcelo exagera no sentido contrário. Como dizia Rui
Ramos no Observador, o poder exige decoro, gravitas, seriedade visto que está
ali a chave do nosso futuro colectivo. Marcelo não compreende isto e continua a
tratar a vida pública como se fosse um jogo. Não percebe que esta presidência
apalhaçada está a minar a respeitabilidade de Belém que já faz parte do
anedotário nacional.
Claro que as ondas deste desrespeito popular demorarão a chegar às redacções, que continuam a amar Marcelo. Porquê? Não sei, caro leitor.
Claro que as ondas deste desrespeito popular demorarão a chegar às redacções, que continuam a amar Marcelo. Porquê? Não sei, caro leitor.
Mas posso colocar uma pergunta a este respeito: será que Marcelo continua a
ser a fonte de inúmeras “notícias” e boatos? Será que Marcelo será a fonte
jornalística dos seus próprios Conselhos de Estado?
Este desrespeito pelas instituições atingiu ontem um ponto alto. Marcelo
deixou-se fotografar com o mais famoso suspeito de corrupção do país, José
Sócrates. Pior: elogiou-o. Não podia correr riscos, não é verdade? Aparecer ao
lado do político que afundou o país na bancarrota financeira e moral não era
suficiente para agradar à clique socrática, era preciso ir mais longe, era
preciso elogiar o homem.
Como é que Marcelo não percebe que este elogio é um sinal de desrespeito
institucional e cívico? Tendo em conta aquilo que já sabemos do caso, Sócrates
não pode ser apoiado cívica e moralmente por ninguém. Seja qual for o
desiderato da justiça, o que Sócrates fez é absolutamente imoral. Até Fernanda
Câncio Já percebeu isso. Meu caro leitor, ao ser incapaz de dizer não a
Sócrates, Marcelo não revelou
apenas a sua cobardia, revelou que a corte de Lisboa não é mesmo para gente séria.
apenas a sua cobardia, revelou que a corte de Lisboa não é mesmo para gente séria.
“Acresce ainda que Marcelo se apressou a condecorar um desertor, socialista,
traidor da Pátria, cujas insígnias foram recusadas por todos os outros
presidentes. Falo de Manuel Alegre que, enquanto os portugueses, nossos irmãos,
filhos. etc. lutavam em África, andava ele "revolucionariamente” a
denunciar na Rádio Argel os movimentos das nossas tropas”:
Que favor terá Marcelo recebido em troca?
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