terça-feira, janeiro 21, 2014

A acção inspectiva ao GRUPO GPS

Nota enviada hoje aos órgãos de Comunicação Social

A acção inspectiva ao GRUPO GPS: inevitável e lógica para pôr fim à promiscuidade política e à ilegalidade que grassam em colégios deste grupo empresarial

O SPRC tem fortes razões para ter suspeitas sobre a forma e os processos que têm levado ao desbaratar de bens públicos, através do financiamento ilegal de muitos dos colégios que em Portugal beneficiam de contratos de financiamento para prestar um serviço que pode e deve ser garantido por escolas públicas.

Desde a década de 1990 que o Sindicato dos Professores da Região Centro tem denunciado a promiscuidade existente entre responsáveis da administração educativa nacional e regional e interesses privados na área da educação, estejam ou não integrados no grupo GPS de António Calvete. Nomes como ex-directores e subdirectores regionais de educação de governos do PS e PSD ou o ex-secretário de Estado José Manuel Canavarro são apenas alguns exemplos de um mundo de duvidosos interesses em torno do negócio da educação privado.

Certo é que desde que, na década de 80, se criou a figura do “contrato de associação” e desde que alguns destes ”agentes promotores” da criação de colégios privados, principalmente na região centro do país, se envolveram num negócio de legalidade duvidosa, com a cobertura do poder, os tentáculos deste poderoso sector económico se estenderam e criaram uma teia de compromissos e cumplicidades que dificultam o avanço de processos judiciais e acções inspectivas com resultados efectivos.

A intervenção da Polícia Judiciária de hoje, 21 de Janeiro, no Grupo GPS é, por isso, extraordinariamente importante, tendo em conta as suspeitas da existência de crime por má utilização de dinheiros públicos, apropriação de bens do Estado por donos de alguns colégios e abuso de poder, com a intervenção directa de autarcas, responsáveis políticos de governos e direcções regionais de educação.

Muitos destes colégios do grupo GPS contam-se entre os que menos cumprem com as suas obrigações legais relativamente a direitos dos laborais dos trabalhadores que empregam, mas são, curiosamente ou talvez não, dos que mais beneficiam de “favores” para o seu funcionamento e financiamento. No entanto, o SPRC alerta que são dos que mais beneficiam, mas não são os únicos, pelo que esta acção inspectiva se deveria alargar a todo o mundo empresarial da Educação, o mesmo mundo para o qual o governo pretende criar (só possível através de uma alteração constitucional) novas condições de crescimento e desenvolvimento, designadamente através do alargamento dos contratos de financiamento do Estado ou do designado cheque-ensino.

O SPRC vem desde há mais de 15 anos a chamar a atenção para esta situação verdadeiramente escandalosa, numa região em que só em 2012 os subsídios aos estabelecimentos de ensino particular e cooperativo superaram, no distrito de Aveiro, 15 milhões de euros; no de Castelo Branco, 4,5 milhões; no de Coimbra, 18,9 milhões; no da Guarda, 3,5 milhões de euros; no de Leiria, 22 milhões e, no distrito de Viseu, 3,3 milhões de euros. Ou seja, em 2012, o Estado gastou, indevidamente para a maioria destes estabelecimentos, cerca de 68 milhões de euros.

O SPRC lembra, ainda que existe um estudo da Universidade de Coimbra, a pedido do Ministério da Educação de Isabel Alçada, que recomenda o fim dos contratos de associação em várias situações (no concelho de Coimbra, na quase totalidade dos colégios subsidiados), sem que os governos tivessem cumprido com o que seria correcto e normal fazer: pôr fim a este esbulho do bem público da Educação e consequente e progressiva redução de recursos financeiros, materiais e humanos, tão importantes para o desenvolvimento da Escola Pública.

A Direcção do SPRC

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