terça-feira, maio 09, 2006

Professores "FALTOSOS"


A Ministra da Educação, sempre que os professores reclamam ou reivindicam contra-ataca com medidas ainda mais gravosas, é uma espécie de castigo aos refilões. Anunciou que os professores faltosos o devem fazer com antecedência e preparar antecipadamente um plano das aulas para que possam ser substituídos por colegas. Ex.: Supondo que entraria às 13h30 para a escola. Um dia antes, fico a saber que às 8h20 terei que dar uma aula, a alunos que desconheço, de quem não a pode dar no dia seguinte (...)!

A ME, talvez há muito tempo não lecciona e muito menos a alunos do 3.º CEB e Secundário, que não conhece, para pensar que o que interessa é preparar a aula e que qualquer outro professor da área está capaz de leccionar essa aula preparada por outro professor. Estas reacções são características de quem dá ordens dos gabinetes ou através de um sistema democraticamente imposto.
Muito por culpa dos governantes a profissão de Professor está a descer a muito baixo nível com todas as consequências que daí advêm como por ex.: as agressões de alunos e EE aos professores.
Sra. Ministra se não motivar os trabalhadores tratando-os com respeito e como seres humanos, envolvendo-os na construção da escola, em vez de impor ideias desgarradas, estará a destruir ainda mais o ensino em Portugal. As medidas devem ser tomadas com os Profs. - não para os Profs. Poderá aplicar-se o ditado popular: “É como o Frei Tomás – olha para o que ele diz não para o que faz”.

Para a ME se um professor se ausenta com autorização do conselho executivo tem como contrapartida de entregar um plano de aulas de forma a ser substituído por um colega. O não cumprimento pode dar lugar a falta injustificada, excepto as de motivos imprevistos.
Se a educação é pedra basilar para o desenvolvimento sustentado de uma sociedade que desejamos mais informada, justa e fraterna como podem os interlocutores ser tratados com tanta frieza e desdém? Julgo que o Sr. Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, tem ajudado neste périplo.
Um líder deve tomar medidas de união, não dividir para reinar, porque se assim não for ainda poderemos ver professores cumpridores em agressões com os faltosos ou à venda de planos de aulas de substituição o que seria lamentável!

Concordo com um maior combate à incompetência e absentismo de alguns docentes, mas foi a Sra. ministra que retirou o mês de bonificação, anual, aos professores não faltosos, incongruência! Talvez daqui a alguns, poucos, anos podemos assistir ao agonizar das escolas públicas, assim gastaremos menos com a educação! Já não há emprego para todos, então é necessário não dar oportunidade a todos, mas só às "elites" que terão os filhos nos Colégios Privados.
As muitas e excessivas organizações representativas dos profs. não fazem o que devem. Fiquei desiludido com a FENPROF quando no ISPViseu, na presença do Sr. SEE devia ter defendido várias questões dos porfs e ficou-se, apenas, pela situação dos Profs. “incapacitados” que também é importante.

Em relação ao ensino superior este Ministério ainda não actuou contra o absentismo e incompetência de alguns? Será que os responsáveis não querem auto-flagelar-se? Ou são todos muito bons e bem comportados? Passará a haver, também aulas de substituição no Ensino Superior? O horário completo de um docente universitário é de 12h semanais. Será que os vai “obrigar” a permanecer de forma controlada 23 horas na Instituição como ocorre no 2º,3ºciclos ou no secundário?
Propõe a revisão do enquadramento legal da Educação Especial cujo documento mais importante DL n.º 319 data de 23/08/91.
Não será necessário grandes explicações para perceber que esta revisão prejudicará os alunos, professores ou escolas, nomeadamente no aperfeiçoamento da escola inclusiva, para todos e em meio o menos restritivo possível.
A avaliar pelas medidas implementadas pelo ME como por ex.: a redução para um terço de professores de apoio educativo, ou o não reconhecimento da dislexia aos alunos do ensino secundário que não estiverem sinalizados desde o ensino básico não podemos augurar boas perspectivas, salvo melhor opinião.

Jacinto Figueiredo, 08/05/2006.

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