quinta-feira, março 23, 2006

PROFESSORES – Nem todos poderão ser!

A equipa ministerial prepara-se para alterar/condicionar o acesso de quem aprende ser professor e depois não poder exercer!
O problema não são os conhecimentos avaliados na licenciatura, é a forma como são avaliados nas instituições públicas ou privadas?
O objectivo é harmonizar o sistema de ensino português com os congéneres europeus. A proposta do Governo prevê a adopção de um modelo assente em três ciclos de estudo: licenciatura; mestrado e doutoramento, deixando de existir o grau de bacharel.
Assim, Portugal fica mais perto da aplicação da Declaração de Bolonha, um compromisso assumido em 1999 pelos Estados-membros da UE com vista à criação, até 2010, de um "espaço europeu do Ensino Superior". A Declaração de Bolonha tem como objectivo facilitar a mobilidade e a empregabilidade dos estudantes na Europa, tornando equivalentes os graus académicos atribuídos em todos os estados-membros.
…“A proposta do ME vai no sentido de que os educadores e professores do 1.º ciclo tenham apenas de concluir um ciclo de estudos (grau de licenciatura, com a duração de três anos), enquanto que os docentes de 2.º e 3.º ciclos e de Ensino Secundário terão de completar dois ciclos (licenciatura e mestrado)”, www.educare.pt .
Diminuir os anos da sua formação beneficia quem? Os alunos? Os docentes? Pedagogias?
O 1.º CEB é decisivo e quanto mais se investir na educação, de forma atempada, melhores serão os resultados para Prof. e alunos.
…“À intenção de o ME criar uma prova nacional para admissão à carreira docente, grande parte das ESE e dos politécnicos presentes na reunião com o secretário de Estado da Educação mostram-se a favor da proposta. As principais características da proposta foram apresentadas na Reitoria da Universidade de Lisboa pelo secretário de Estado da Educação, Válter Lemos, às universidades e politécnicos que têm cursos de formação de professores”…,
id.
Qual a função das Universidades e ESEs? Servem para quê?
A medida poderá ser considerada um retrocesso e lembrar um passado recente, já que não existe qualquer justificação para se regressar a níveis diferenciados.
Devemos ter em conta a complexidade dos primeiros anos de escolaridade que exigem cada vez maior qualificação dos professores/educadores, assim como a equidade da formação e, por ventura, a progressão na carreira.
Esta proposta do ME será agora negociada com os sindicatos do sector da Educação, num processo que deverá ficar concluído até ao fim do ano.
Se tem que haver prova de aptidão esta deve ser antes de iniciar o curso. Um curso é uma ferramenta de trabalho. Um estudante anda 3 ou 5 anos para a conseguir. Depois de a ter não o deixam utilizar a ferramenta que adquiriu. Não me parece correcto. Ex.: andamos 5 anos a trabalhar para adquirir uma casa depois de adquirida não a podemos habitar porque ainda não constituímos família.
Adivinham-se tempos difíceis e quem sabe se dentro de pouco tempo os Prof. estão todos em contrato individual de trabalho (atenção não é colectivo), licença sem vencimento, contratação pelas escolas consoante as “cunhas”, as propostas mais baixas dos concorrentes como acontece já no IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) e declaração abonatória da Junta de Freguesia, com o devido respeito!
Devemos exigir de quem nos "governa" a apresentação clara do seu projecto de educação. Estamos fartos de ser um país travestido ao sabor da circunstância.
Esta insistência no "truque" animada com propaganda populista não vai ter um bom fim para os protagonistas que julgamos de maioria socialista.
Já agora quando vamos ter um exame de aptidão para os políticos? assim triam alguma moral.

Jacinto Figueiredo, 17-03-2006

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