terça-feira, novembro 15, 2011

Fraude nas Farmácias

«O BURACÃO» (do jornal «O Médico»)
(alguém foi entrevistado por um jornalista, que disse o seguinte:)

«- Há uma grande fraude que se está a passar nas farmácias.

- Ai sim? Ora conte lá isso...

- O senhor jornalista lembra-se de quando ia aviar remédios à
farmácia e lhe cortavam um bocadinho da embalagem e a colavam na
receita, que depois era enviada para o Ministério da Saúde, para
reembolso às farmácias?

- Lembro, perfeitamente... Mas isso já não existe, não é verdade?

- É... Agora é tudo com código de barras. E é aí que está o
problema... É aí que está a fraude. Deixe-me explicar: como o senhor
sabe, há muita gente que não avia toda a receita. Ou porque não tem
dinheiro, ou porque não quer tomar um dos medicamentos que o médico
lhe prescreveu e não lhe diz para deixar de o receitar. Ora, em
algumas farmácias - ao que parece, muitas - o que está a acontecer é
que os medicamentos não aviados são na mesma processados como se o
doente os tivesse levantado. É só passar o código de barras e já está.
O Estado paga.

- Mas o doente não tem que assinar a receita em como levou os
medicamentos? - Perguntei.

- Tem. Mas assina sempre, quer o levante, quer não. Ou então
não tem comparticipação... Teria que ir ao médico pedir nova
receita...

- Continue, continue - Convidei

- Esta trafulhice acontece, também, com as substituições. Como
também saberá, os medicamentos que os médicos prescrevem são muitas
vezes substituídos nas farmácias. Normalmente, com a desculpa de que
"não há... Mas temos aqui um igualzinho, e ainda por cima mais
barato". Pois bem: o doente assina a receita em como leva o
medicamento prescrito, e sai porta fora com um equivalente, mais
baratinho. Ora, como não é suposto substituírem-se medicamentos nas
farmácias, pelo menos quando o médico tranca as receitas, o que
acontece é que no processamento da venda, simula-se a saída do
medicamento prescrito. É só passar o código de barras e já está. E o
Estado paga pelo mais caro...


Como o leitor certamente compreenderá, não tomei de imediato a
denúncia como boa.
Até porque a coisa me parecia simples de mais.
Diria mesmo, demasiado simples para que ninguém tivesse
pensado nela. Ninguém do Estado, claro está, que no universo da
vigarice há sempre gente atenta à mais precária das possibilidades.
Telefonei a alguns farmacêuticos amigos a questionar...

- E isso é possível, assim, de forma tão simples, perguntei.

- É!... Sem funfuns nem gaitinhas. É só passar o código de
barras e já está, responderam-me do outro lado da linha.

- E ninguém confere? - Insisti.

- Mas conferir o quê? - Só se forem ter com o doente a
confirmar se ele aviou toda a receita e que medicamentos lhe deram. De
outro modo, não têm como descobrir a marosca. E ó Miguel, no estado a
que as coisas chegaram, com muita malta à rasca por causa das descidas
administrativas dos preços dos medicamentos... Não me admiraria nada
se viessem a descobrir que a fraude era em grande escala...

E pronto... Aqui fica a denúncia, tal qual ma passaram...

Se for verdade... Acho que é desta que o Carmo e a Trindade caem mesmo!»

Recebida por email de A. Rdrigues

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