Parece sarcástico, mas se atendermos à evolução dos factos, infelizmente se conclui que o dito poderá tornar-se realidade.
As populações, silenciosamente sentem; revolta, indignação ou resignação pela morte anunciada de cerca de 1500 escolas, sendo 153 de Ensino Básico do 1.º ciclo previstas para fechar no distrito de Viseu.
As câmaras municipais não vão gastar dinheiro com os alunos das escolas com menos de 20 estudantes e com taxas de aproveitamento inferiores à média nacional, que vão encerrar no âmbito do processo de reorganização da rede escolar do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) assinou um protocolo com o Governo em que ficaram estabelecidas as condições em que as escolas deviam encerrar. O ME assumiu o pagamento de todas as despesas decorrentes da mudança dos alunos. A gratuitidade da alimentação e do transporte também ficou estabelecida no protocolo.
Casal Vasco, Freguesia de Fornos de Algodres evidencia de contradições: a escola do Ensino Básico é um caso “paradigmático”, porque há quatro anos “foi alvo de profundas obras de recuperação”, onde o Estado investiu 200 mil euros vai fechar!
O autarca desta localidade é ainda mais dramático: “Vou ficar conhecido como o coveiro desta escola, mas nós não fomos tidos nem achados nesta situação. As localidades que vêem morrer o local onde os seus filhos aprenderam a ler e a escrever ficam mais pobres. Muitas não vão conseguir segurar ninguém, vão morrer aos poucos. As escolas transformaram-se nas casas mortuárias de muitas comunidades.” (Correio da Manhã de 2006-02-06).
Um habitante afirma que a gravidade do “fecho da escola é maior que o fecho de uma fábrica” pela simples razão de deixar de ouvir os gritos de alegria das crianças, ou de ver as suas representações teatrais nos dias de festa entre outras manifestações; desportivas, sociais, afectivas e culturais. “Trata-se de uma atitude do Governo que transmite ao povo um sentimento de descrença no futuro e de derrota. A escola é o símbolo de cada aldeia, é aqui que começamos tudo,” afirma um professor aposentado.
Em Colo do Pito , Castro Daire, Viseu o sentimento de perda é semelhante. As oito dezenas de habitantes – na maioria pessoas idosas –, recusam-se a acreditar que a escola vai encerrar, mas vai mesmo: as dez crianças passam a estudar noutra aldeia. “Sinceramente, não percebo o que este Governo está a fazer. Fecha escolas, maternidades, qualquer dia fecha-nos em casa”, comenta revoltada a mãe de um aluno.
Muitos Sindicatos também condenam a “forma” utilizada pelo Ministério da Educação para escolher as escolas a fechar. “As pessoas de Lisboa não conhecem as realidades locais, não sabem que acessibilidades é que as aldeia têm; que rede de transportes, qual a sua localização e o seu meio social. No início do ano lectivo vamos assistir a muitas situações caricatas”, diz o sindicalista Francisco Almeida e que o fecho das escolas “vai ser o princípio do fim de muitas comunidades rurais”.
O amontoado das populações no litoral contrasta e faz ressaltar as marcas da desertificação do interior do País à beira mar habitado. “Dantes havia duas mercearias e um café, agora só há a colectividade e fechou a escola”, é o ex. de Vila Nova nas Caldas da Rainha.
Invocar o insucesso escolar como razão para o fecho de escolas talvez não baste, pois esta situação poderia ser resolvida com apoio educativo.
Condições pedagógicas não pesam a avaliar pelas reveladas na escola de Sancheira Grande, Óbidos, como receia a população, enquanto lamenta que seja desactivada uma escola situada no ponto mais alto da aldeia, em local soalheiro e com equipamentos de fazer inveja – um campo relvado sintético, eco – pontos, jardim e vedação e, no interior, computador com ligação à Internet e uma mini – biblioteca.
O jornal Correio da Manhã de 2006-02-06 apurou junto da Direcção Regional de Educação de Lisboa que na região “está previsto fecharem 96 estabelecimentos e 65 na zona do Alentejo. Na mesma altura, o Sindicato de Professores da Região Centro divulgou um estudo que apontava para o fecho de 544 escolas naquela área. No Norte, está previsto que fechem cerca de 900 escolas.”
“Em2005, a reorganização das escolas do País levou ao encerramento de 221 estabelecimentos de ensino e à criação de 60 novas unidades.”
Um dos concelhos que já divulgaram a respectiva Carta Educativa foi o de Vila Real.
Segundo aquele documento, será possível reduzir os custos médios anuais de 951 mil euros, com a manutenção da rede de escolas propriedade do município, para 209 mil euros por ano em 2016, reduzindo o custo médio anual por aluno de 474 euros actualmente para 123 euros, com melhoria das condições pedagógicas, de segurança e de conforto de estudantes e professores. A Carta Educativa prevê a constituição de quatro territórios educativos e a construção de seis novas escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e jardins-de-infância (EB1/JI). A escola Monsenhor Jerónimo do Amaral deverá ser transformadaem Escola Básica Integrada , tal como a escola Diogo Cão. Está ainda prevista a construção de uma nova escola do segundo e terceiro ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário (EB2,3/S), no caso, para servir a zona oeste da periferia da cidade”, Id.
As populações, silenciosamente sentem; revolta, indignação ou resignação pela morte anunciada de cerca de 1500 escolas, sendo 153 de Ensino Básico do 1.º ciclo previstas para fechar no distrito de Viseu.
As câmaras municipais não vão gastar dinheiro com os alunos das escolas com menos de 20 estudantes e com taxas de aproveitamento inferiores à média nacional, que vão encerrar no âmbito do processo de reorganização da rede escolar do 1.º Ciclo do Ensino Básico.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) assinou um protocolo com o Governo em que ficaram estabelecidas as condições em que as escolas deviam encerrar. O ME assumiu o pagamento de todas as despesas decorrentes da mudança dos alunos. A gratuitidade da alimentação e do transporte também ficou estabelecida no protocolo.
Casal Vasco, Freguesia de Fornos de Algodres evidencia de contradições: a escola do Ensino Básico é um caso “paradigmático”, porque há quatro anos “foi alvo de profundas obras de recuperação”, onde o Estado investiu 200 mil euros vai fechar!
O autarca desta localidade é ainda mais dramático: “Vou ficar conhecido como o coveiro desta escola, mas nós não fomos tidos nem achados nesta situação. As localidades que vêem morrer o local onde os seus filhos aprenderam a ler e a escrever ficam mais pobres. Muitas não vão conseguir segurar ninguém, vão morrer aos poucos. As escolas transformaram-se nas casas mortuárias de muitas comunidades.” (Correio da Manhã de 2006-02-06).
Um habitante afirma que a gravidade do “fecho da escola é maior que o fecho de uma fábrica” pela simples razão de deixar de ouvir os gritos de alegria das crianças, ou de ver as suas representações teatrais nos dias de festa entre outras manifestações; desportivas, sociais, afectivas e culturais. “Trata-se de uma atitude do Governo que transmite ao povo um sentimento de descrença no futuro e de derrota. A escola é o símbolo de cada aldeia, é aqui que começamos tudo,” afirma um professor aposentado.
Muitos Sindicatos também condenam a “forma” utilizada pelo Ministério da Educação para escolher as escolas a fechar. “As pessoas de Lisboa não conhecem as realidades locais, não sabem que acessibilidades é que as aldeia têm; que rede de transportes, qual a sua localização e o seu meio social. No início do ano lectivo vamos assistir a muitas situações caricatas”, diz o sindicalista Francisco Almeida e que o fecho das escolas “vai ser o princípio do fim de muitas comunidades rurais”.
O amontoado das populações no litoral contrasta e faz ressaltar as marcas da desertificação do interior do País à beira mar habitado. “Dantes havia duas mercearias e um café, agora só há a colectividade e fechou a escola”, é o ex. de Vila Nova nas Caldas da Rainha.
Invocar o insucesso escolar como razão para o fecho de escolas talvez não baste, pois esta situação poderia ser resolvida com apoio educativo.
Condições pedagógicas não pesam a avaliar pelas reveladas na escola de Sancheira Grande, Óbidos, como receia a população, enquanto lamenta que seja desactivada uma escola situada no ponto mais alto da aldeia, em local soalheiro e com equipamentos de fazer inveja – um campo relvado sintético, eco – pontos, jardim e vedação e, no interior, computador com ligação à Internet e uma mini – biblioteca.
O jornal Correio da Manhã de 2006-02-06 apurou junto da Direcção Regional de Educação de Lisboa que na região “está previsto fecharem 96 estabelecimentos e 65 na zona do Alentejo. Na mesma altura, o Sindicato de Professores da Região Centro divulgou um estudo que apontava para o fecho de 544 escolas naquela área. No Norte, está previsto que fechem cerca de 900 escolas.”
“Em
Um dos concelhos que já divulgaram a respectiva Carta Educativa foi o de Vila Real.
Segundo aquele documento, será possível reduzir os custos médios anuais de 951 mil euros, com a manutenção da rede de escolas propriedade do município, para 209 mil euros por ano em 2016, reduzindo o custo médio anual por aluno de 474 euros actualmente para 123 euros, com melhoria das condições pedagógicas, de segurança e de conforto de estudantes e professores. A Carta Educativa prevê a constituição de quatro territórios educativos e a construção de seis novas escolas do 1.º ciclo do Ensino Básico e jardins-de-infância (EB1/JI). A escola Monsenhor Jerónimo do Amaral deverá ser transformada
Jacinto Figueiredo, 04-09-2006.
3 comentários:
Porque é que hão-de ser as crianças a pagar a factura da desertificação?
Eu que acompanhei vários professores em formação por essas aldeias fora fico absolutamente chocada ao ver pessoas com alguma responsabilidade a defenderem a manutenção de escolas com 2, 3, 10 ou mesmo 15 alunos.
Têm mesmo alguma ideia do que estão a defender? Alguma vez se deram ao trabalho de irem espreitar a qualidade do ensino /aprenduzagem nessas escolas? Casas mortuárias já elas são neste momento uma vez que em nada parecem contribuir nem para a socialização nem para a formação do pensamento divergente nas crianças. Esta medida peca por tardia. Há concelhos em Portugal que já a implementaram há 20 anos. Foi a sorte de muitas dessas crianças - pelo menos conseguiram seguir em frente!
Com os melhores cumprimentos
DRª Isabel Moura Isabel moura [Mouraisabel@netcabo.pt]
ESCOLAS – casas “Mortuárias”!
Não concordo, parcialmente com a posição de V. Exa. Pelos motivos (en)atendíveis:
Quem falhou para que se tomem decisões tão drásticas para as criança; populações; regiões ou mesmo para o País?
Não era, ou é, dever dos (des)governantes aplicar o valor solidariedade?
Assim, deviam ajudar as pessoas e regiões mais desfavorecidas no sentido de equilibrar os desenvolvimentos, no verdadeiro sentido da palavra, de forma a minorar, e ou, evitar a desertificação.
Quem nos (des)governou não cumpriu o seu dever! Será justo ficarem impunes, juridicamente?
O nosso julgamento político não passa disso, mas os responsáveis protegem-se consoante a posição, eterna, que ocupam – no poder ou fora dele!
Não é contraditório que o Estado, todos nós, gaste milhares de Euros para logo a seguir esse equipamento escolar ficar desactivado? Se o dinheiro fosse, apenas deles talvez tivessem mais cuidado com a despesa!
Sei que por essas aldeias dentro, Portugal profundo, como ainda é costume, as habitações não têm condições de velar os seus mortos, logo esses edifícios teriam uma boa funcionalidade se utilizadas como “casas Mortuárias! É uma ideia.
Não é verdade que em muitas aldeias o único pólo de atracção, cultura, fixação, simbologia, ou seja, desenvolvimento era a escola na qual os habitantes têm muito orgulho?
Não seria mais correcto os governantes darem continuidade a escolas com pelo menos 10 alunos e fomentar, discriminadamente o desenvolvimento de forma a fixar as pessoas às suas terras como acontece com outros equipamentos, ex. das “SCUTS”?
Ou centralizamos tudo no litoral, nem que para isso se construam plataformas sobre o mar, onde todos possam sobreviver engalfinhados uns nos outros?
Se os (i)responsáveis, que “são o que melhor há no País” - tivessem noção das medidas a implementar e as mais ajustadas não seria necessário fechar escolas, maternidades, urgências, postos de saúde, tribunais, câmaras, freguesias, etc.
A curto prazo passamos a assistir ao fecho das casas e as pessoas são obrigadas a deixar o seu cantinho onde nasceram, cresceram, estudaram e onde são aldeões ou camponeses felizes, pois terão de se reconverter em urbanos ainda que de 3.ª ou 4.ª classe acabando desta forma despudorada com as comunidades rurais!
Parece-me que esta politica, de encerramento de escolas, não será tanto pelas crianças, mas sim com o objectivo de poupar Euros pela obcecada ideia de reduzir o défice e, isso eu condeno.
Respeitosos Cumprimentos
Jacinto Figueiredo
A DOUTORA, (belo nome!) acompanhou vários professores em formação por essas aldeias fora...Também eu, minha querida! Só que a menina não ousa citar nenhuma dessas aldeias; eu vou falar-lhe de uma: Carrazeda do Alvão, Concelho de V. Pouca de Aguiar, anos oitenta, caminho pedonal, vários quilómetros a pé mas, qualidade de ensino, alto aí! Até o Jornal de Notícias, publicou, na época, um dos números do jornalinho da escola: "O Pequeno da Serra", que constituiu auto-estima considerável para as crianças. Sobre o encerramento das escolas, a menina não sabe do que fala, ou, o que é mais grave, não sabe História e, por isso, não deve ter ouvido falar de povoamento e das regalias que os nossos reis atribuíam então para promover a fixação das populações.
É preciso que o país continue a ser solidário e isso significa não abandonar o interior à sua sorte.
Fecham os correios; fecham as escolas; fecham os SAP's, as urgências ficam a mais de uma hora, para muita gente do interior; fecham as maternidades. Não lhe parece que este governo, para além de um C. de Administração, parece uma comissão liquidatária? E que os sacrifícios que nos pedem, não têm qualquer efeito, a não ser para os corruptos, para as empresas, para os bancos e para os políticos... Será que a menina é política? Desculpe lá, o seu apelido é quê!? Isabel?
Um abraço,
Zé dos anzóis (sem DR!).
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