terça-feira, maio 31, 2011
segunda-feira, maio 30, 2011
domingo, maio 29, 2011
quinta-feira, maio 26, 2011
segunda-feira, maio 23, 2011
O amor tornou-se uma questão prática.
« Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixonade verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há,estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.»
Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Expresso'
segunda-feira, maio 16, 2011
quarta-feira, maio 11, 2011
SUBSÍDIO DE NATAL OU 13º MÊS
Os trabalhadores ingleses recebem os ordenados semanalmente! Mas há
sempre uma razão para as coisas e os trabalhadores ingleses, membros
de uma sociedade MAIS crítica do que a nossa, não fazem
nada por acaso!
Lembrando que o 13º MÊS em Portugal foi criado logo depois do 25 de Abril de
1974 no governo de VASCO GONÇALVES e que nenhum governo depois do
dele mexeu nisso, "fala-se agora que o governo pode vir a não pagar
aos funcionários públicos o 13º mês ou subsídio de natal.Se o fizerem,
é uma roubalheira sobre outra roubalheira.
O 13º mês é uma das mais escandalosas de todas as mentiras dos donos
do poder, quer se intitulem "capitalistas" ou "socialistas", e é
justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam.
Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar
os trabalhadores.
Suponhamos que você ganha €700,00 por mês. Multiplicando-se esse
salário por 12 meses, você recebe um total de €8.400,00 por um ano de
doze meses.
€700,00 X 12 = € 8.400,00
Em Dezembro, o generoso governo manda então pagar-lhe o conhecido 13º Mês
€ 8.400,00 (Salário anual)
+ €700,00 (13º salário) =
------------------------------
€ 9.100,00 (Salário anual + o 13ºMês)
O trabalhador vai para casa todo feliz com o "governo amigo dos
trabalhadores" que mandou o patrão pagar o 13º.
Agora veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a
fazer uma simples contas que aprendeu no Ensino Fundamental:
Se o trabalhador recebe €700,00 mês e o mês tem quatro semanas,
significa que ganha por semana € 175,00.
€ 700,00 (Salário mensal) e 4 (semanas que tem o mês) = € 175,00 ( De
salário semanal)
O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos
€ 175,00 (Salário semanal)
X 52 (Número de semanas anuais)
-------------------
€ 9.100,00.
O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual + o 13º salário .
Surpresa, surpresa? Onde está, portanto, o 13º Salário?
A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes nunca se
tenham dado conta desse fato simples:
A resposta é que o governo, que faz as leis, lhe rouba uma parte do
salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30
dias, outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda
assim, apesar de cinco semanas o governo só manda o patrão pagar
quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro
ou cinco semanas.
No final do ano o generoso governo presenteia o trabalhador com um 13º
salário, cujo dinheiro saiu do próprio trabalhador.
Se o governo retirar o 13º salário ou subsídio de natal dos
trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.
Como palavra final para os trabalhadores inteligentes:
Não existe nenhum 13º salário. O governo apenas devolve e manda o
patrão devolver o que sorrateiramente foi tirado do salário anual.
Conclusão:
Os Trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.
13º NÃO É PRÊMIO, NEM GENTILEZA, NEM CONCESSÃO. É SIMPLES PAGAMENTO
PELO TEMPO TRABALHADO NO ANO!
E EU QUE NUNCA TINHA PENSADO NISSO .....
TRABALHE PELA CIDADANIA! Faça isso circular .
Recebida por email de E. Bordonhos
SUBSÍDIO DE NATAL OU 13º MÊS
Os trabalhadores ingleses recebem os ordenados semanalmente! Mas há
sempre uma razão para as coisas e os trabalhadores ingleses, membros
de uma sociedade MAIS crítica do que a nossa, não fazem
nada por acaso!
Lembrando que o 13º MÊS em Portugal foi criado logo depois do 25 de Abril de
1974 no governo de VASCO GONÇALVES e que nenhum governo depois do
dele mexeu nisso, "fala-se agora que o governo pode vir a não pagar
aos funcionários públicos o 13º mês ou subsídio de natal.Se o fizerem,
é uma roubalheira sobre outra roubalheira.
O 13º mês é uma das mais escandalosas de todas as mentiras dos donos
do poder, quer se intitulem "capitalistas" ou "socialistas", e é
justamente aquela que os trabalhadores mais acreditam.
Eis aqui uma modesta demonstração aritmética de como foi fácil enganar
os trabalhadores.
Suponhamos que você ganha €700,00 por mês. Multiplicando-se esse
salário por 12 meses, você recebe um total de €8.400,00 por um ano de
doze meses.
€700,00 X 12 = € 8.400,00
Em Dezembro, o generoso governo manda então pagar-lhe o conhecido 13º Mês
€ 8.400,00 (Salário anual)
+ €700,00 (13º salário) =
------------------------------
€ 9.100,00 (Salário anual + o 13ºMês)
O trabalhador vai para casa todo feliz com o "governo amigo dos
trabalhadores" que mandou o patrão pagar o 13º.
Agora veja bem o que acontece quando o trabalhador se predispõe a
fazer uma simples contas que aprendeu no Ensino Fundamental:
Se o trabalhador recebe €700,00 mês e o mês tem quatro semanas,
significa que ganha por semana € 175,00.
€ 700,00 (Salário mensal) e 4 (semanas que tem o mês) = € 175,00 ( De
salário semanal)
O ano tem 52 semanas. Se multiplicarmos
€ 175,00 (Salário semanal)
X 52 (Número de semanas anuais)
-------------------
€ 9.100,00.
O resultado acima é o mesmo valor do Salário anual + o 13º salário .
Surpresa, surpresa? Onde está, portanto, o 13º Salário?
A explicação é simples, embora os nossos conhecidos líderes nunca se
tenham dado conta desse fato simples:
A resposta é que o governo, que faz as leis, lhe rouba uma parte do
salário durante todo o ano, pela simples razão de que há meses com 30
dias, outros com 31 e também meses com quatro ou cinco semanas (ainda
assim, apesar de cinco semanas o governo só manda o patrão pagar
quatro semanas) o salário é o mesmo tenha o mês 30 ou 31 dias, quatro
ou cinco semanas.
No final do ano o generoso governo presenteia o trabalhador com um 13º
salário, cujo dinheiro saiu do próprio trabalhador.
Se o governo retirar o 13º salário ou subsídio de natal dos
trabalhadores da função pública, o roubo é duplo.
Como palavra final para os trabalhadores inteligentes:
Não existe nenhum 13º salário. O governo apenas devolve e manda o
patrão devolver o que sorrateiramente foi tirado do salário anual.
Conclusão:
Os Trabalhadores recebem o que já trabalharam e não um adicional.
13º NÃO É PRÊMIO, NEM GENTILEZA, NEM CONCESSÃO. É SIMPLES PAGAMENTO
PELO TEMPO TRABALHADO NO ANO!
E EU QUE NUNCA TINHA PENSADO NISSO .....
TRABALHE PELA CIDADANIA! Faça isso circular .
Recebida por email de E. Bordonhos
terça-feira, maio 10, 2011
segunda-feira, maio 09, 2011
José Régio Cântico Negro
José Régio
Cântico Negro
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam , mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!