terça-feira, fevereiro 14, 2006

PROFESSORES de QE versus QZP

O ano lectivo tem início entre os dias 12 e 16 de Setembro, cabe a cada estabelecimento de ensino determinar o dia exacto, os docentes têm de apresentar-se na escola onde foram colocados dia 01/09/2005.

Segundo dados apresentados pelo Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, o que não quer a Universidade Pública em Viseu porque já tem a sua na Covilhã, “no próximo ano lectivo vão estar afectos a QZP, quadro de zona pedagógica, 24.086 docentes. Outros 3.358 docentes conseguiram destacamento por aproximação à residência, 594 por condições específicas, 634 por preferência conjugal e 717 por ausência de serviço. O Ministério recrutou ainda para dar aulas este ano 10.039 professores contratados”.

“Em comparação com 2004, as subidas registaram-se apenas no número de docentes afectos a QZP, 22.426 contra 24.086, e nos destacamentos por aproximação 2.824 contra 3.354. Já o número de docentes contratados baixou de 10.604 para 10.039”, in Educare.

Onde vão os Profs. de QE, quadro de escola, buscar compreensão se vêem, permanentemente, adiada a possibilidade de aproximação à escola que pretendem devido à invasão dos Profs. colocados em QZP.

Até há dois anos atrás, anualmente, os professores do 1º ciclo e educadores de infância eram obrigados a concorrer aos QE, que correspondiam a zona que englobava vários distritos, daí ainda haver tantos Profs. longe de casa.

Depois de ter lido alguns comentários de uns mais novos e outros com muitos anos de serviço, fiquei deveras preocupado porque cada um diz da sua justiça sem saber argumentar de uma forma mais correcta e, sobretudo sem conhecer as leis que regem o sistema de recrutamento de docente, sugiro leituras da legislação em vigor e a anterior.

A minha simples mas sincera opinião sobre a colocação de docentes do QE e QZP foca-se no seguinte:

Devem ser criadas o máximo de vagas de QE que vincule os Profs. e um QZP ou outro nome qualquer para as vagas sobrantes. Um docente do QE ou QZP não pode ser ultrapassado de qualquer forma. Colocação pela lista de graduação definitiva dos docentes de QE, seguidamente os de QZP sendo que este não serve para nada a não ser poupar uns trocos ao ME, atrapalhar e fazer colidir os interesses dos Profs, alunos, Pais, E. E. e A. A. Educativa.

Mais triste e angustiante se torna quando ouvimos alguns colegas de QZP dizerem: “ficaste efectiva porque quiseste, concorresses para onde não havia vagas”! Até quando eles vão enganar o sistema? Agora cantam de galo e, ser efectivo que antigamente era um posto a atingir deixou de o ser. De lembrar que nessa altura existiam poucas vagas para QE e estes não podiam concorrer a QZP.

Há casos de ultrapassagem por colegas mais novos que ocuparam as vagas que existiam em QZP, deve ser respeitado o princípio maior GRADUAÇÃO, melhor POSIÇÃO”.

Mas a realidade torna-se mais penosa quando se verifica o agravamento do quadro demográfico em conjunto com as opções políticas da tutela.

As políticas dos nossos governantes têm contribuído para este flagelo: as turmas não deviam exceder o limite de 20 alunos; não permitir que os professores acumulem nas escolas privadas ou públicas; não autorizar que um professor, depois de aposentado do ensino público, continue a actividade nos privados; não autorizar horas extraordinárias; mais apoio aos alunos com NEE, Necessidades Educativas Especiais; ensino profissional nas escolas públicas, acabar com os acordos com as escolas privadas, mas existindo estes, os profs. devem ser colocados pelo ME, etc.

A falta de esperança num futuro melhor dói, desmotiva e corrói lentamente a alegria de viver. Era a saudade de um futuro melhor que muitas vezes servia de tónico a um presente menos desejado: é só este ano para o ano vou estar mais perto de casa e da família.

Reflictam sobre as consequências nefastas do Decreto-Lei n.º 35/2003, de 27 de Fevereiro, que regula o regime de concurso de pessoal docente, condenando os professores de QE a um injusto desterro! Este diploma legal matou a esperança e instituiu a injustiça, venha o DL n,º 18/88.

Como é possível existirem colocações de professores com horário de 1 hora semanal (...)? No grupo 15 são muitos.

Não se aponte como responsáveis, apenas, os governantes dos sucessivos governos que têm sido uma lástima pela incapacidade e ou conjuntura.

A história Portuguesa regista momentos de glória e de alguma frustração, como o que vivemos, mas sempre soubemos ultrapassar os momentos menos bons e estou convicto que agora também.

Todos somos responsáveis por tudo que se passa no País, inclusivamente pela falta de empregos.
Os mais novos casam-se mais tarde, não querem ter mais que um ou dois filhos, se são colocados a mais de meia dúzia de quilómetros de casa não aceitam, querem todas as regalias sociais sem que para isso contribuam, bons carros, férias muito dinheiro, discotecas, mas nada disto cai do céu, é necessário investir, empreender, valorizar-se, rentabilizar-se, respeitar os outros, não ao vale tudo para conseguir o objectivo, ou seja, tornar-se útil à sociedade respeitando e fazendo respeitar as normas estabelecidas.

Não basta exigir trabalho ou "emprego" como muitos querem. É necessário trabalhar para que isso aconteça.

Jacinto Figueiredo, 31/08/2005

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